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04/05/2013

CARNEIRO EM FORMOSO-MG PRESTA LINDA HOMENAGEM AO EX-VEREADOR MAIS IDOSO DO MUNICÍPIO.


Carneiro reúne seus Familiares, realiza Grande Confraternização em Formoso e homenageia o Patriarca Levi

                              XIKO MENDES 

Foi promovido no sábado, 20/4, o maior evento social dos últimos tempos na bela cidade de Formoso-MG. Uma multidão se reuniu na Cozinha Comunitária para festejar uma rara e singular celebração natalícia em honra aos cem anos bem vividos de Seu Levi Carneiro Magalhães. Foi oferecido um apetitoso almoço de confraternização regado a belíssimas apresentações e discursos efusivos de personalidades, entre as quais, Joaquim Borges Carneiro, Joaquim Ornelas, a Prefeita Nena Marchese, o vice-prefeito Edimar Carneiro, Xiko Mendes e Zeneide Carneiro (anfitriã do evento). A família Carneiro cuja história de pioneirismo remonta ao século XIX, decidiu juntar amigos e sua parentela espalhada em diferentes lugares do Brasil (Goiânia, Brasília, Cuiabá, Arinos, Buritis, São Paulo, Formosa, Sítio da Abadia, etc) para que, irmanados pela fraternidade cívica e genealógica, prestasse homenagens emocionantes ao Seu Levi, ex-vereador de Formoso por três vezes e venerável varão desse ilustre patriarcado.
Famosa na História e na boca do povo pela preocupação em valorizar a cultura e promover a formação intelectual de seus descendentes, os Carneiros estão inseridos no contexto político e social de Formoso desde os anos 1840. Naquela década, o fazendeiro formosense Silvério Mendes Teixeira, patriarca fundador da família Mendes de Queiróz, iniciou nova família casando-se em segundas núpcias com Dona Bernardina Maria da Purificação CARNEIRO da Rocha e Silva, que veio de Januária em lobo de burro. Ela deixou para trás a velha Januária que até os anos 1960 era a Capital Regional do norte-noroeste de Minas, oeste baiano e nordeste goiano. Como porto, centro cultural e comercial do rio São Francisco, Januária marcou a vida intelectual do interior, e deixou marcas entre os Carneiros. Dona Bernardina e seu Silvério deram origem a uma das famílias que sempre foi focada no valor do conhecimento como virtude inseparável do trabalho na busca do progresso familiar e dos Municípios de Formoso, Januária e Arinos onde se misturaram com os Valadares, Magalhães, Ornelas, Martins, Wajmann, Maciel, entre outras.
Duas filhas do casal Silvério e Bernardina fundaram o clã em Formoso. Maria Antônia Carneiro Mendes casou-se com José Borges Carneiro, januarense e parente de Dona Bernardina. A irmã dela, Maria da Encarnação C. Mendes tornou-se esposa de Joaquim B. Carneiro, irmão de José. Foram ambos morar em Bela Lorena, ali fundando a mais representativa fazenda do interior brasileiro destacando-se como pólo de desenvolvimento em todo o período que Formoso foi distrito de Paracatu e São Romão (1870-1962).  Na década de 1860, os irmãos José e Joaquim Borges, genros de Silvério Mendes, construíram um verdadeiro império transformando Bela Lorena em ponto de referência social, cultural e econômica de toda a região do Vale do Rio Carinhanha, fronteira entre Bahia e Minas.
A família Borges Carneiro uniu a cultura que Dona Bernardina trouxe de sua terra natal, Januária, com o pioneirismo do desbravador Silvério Mendes, grande colonizador de Formoso, nas nascentes do Carinhanha. Deram início a uma verdadeira epopéia com lições de erudição no sertão que mais tarde encantaria o escritor Guimarães Rosa a eternizá-lo em obras clássicas como o romance “Grande Sertão: Veredas”. Em 170 anos de história, a Família Carneiro foi responsável pela fundação de empresas de sucesso como a Claudionor Carneiro & Filhos, fábrica de cachaça em Januária cuja tradição supera o tempo. Também formaram em curso superior os primeiros cidadãos formosenses, entre eles, Dr. João Borges Carneiro, que depois elegeu-se vice-prefeito de Januária. Os Carneiros deram a Formoso o único filho nativo como deputado: Dr. Djalma Rocha, que foi deputado estadual por vários mandatos em Mato Grosso, Chefe da Casa Civil daquele estado, líder político em Poconé-MT, Conselheiro, Vice-presidente e Presidente do Tribunal de Contas matogrossense. Juscelino Carneiro Martins, que se notabilizou como fazendeiro em Unaí. Todos os escritores nascidos em Formoso são descendentes de Silvério Mendes e ou de Bernardina  Carneiro: João Rocha, Miguel Carneiro, Quinca Borges e Xiko Mendes.
Benevides Borges Carneiro, (pai de Quinca Borges), foi ao mesmo tempo vereador dos distritos de Formoso e Arinos em São Romão-MG, nos anos 1920, além de ter sido genro do Major Saint Clair F. Valadares, ilustre político e intelectual que recriou o Município de S. Romão, foi o principal fundador de Arinos e era amigo íntimo do escritor Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras. Saint Clair é bisavô do Escritor arinense Napoleão Valadares, e este é trineto de Antônia Maria Carneiro Mendes, é autor de dezenas de livros e advogado do Governo Federal. Miguel Carneiro foi vereador do Distrito de Formoso (1947-1950), e depois foi vereador de Sítio da Abadia-GO por dois mandatos quando também tornou-se um dos principais fundadores de Alvorada do Norte-GO, além de ser historiador do povo sitiense e formosense. A maioria dos escrivães do cartório de Formoso era da família Carneiro em toda a primeira metade do século XX. Até a década de 1970, Bela Lorena aparecia nos mapas do Brasil e não a Vila Formoso, o que mostra a relevância geopolítica regional daquela fazenda.
Além desses, vários integrantes da família Carneiro se destacaram sendo eleitos para mandatos em cidades como Formoso e Arinos, entre os quais, podemos citar Joaquim B. Carneiro (Quinca Borges, vereador e escritor memorialista), Assuero Carneiro (recém-falecido) e Levi Carneiro (que ajudaram Formoso a emancipar-se), Edgar Carneiro e Edmar Carneiro (vice-prefeitos de Formoso), Augusto José de Almeida, Izoldino Carneiro, Joaquim Carneiro Ornelas (Quincão), Jurandir Carneiro, que também foram vereadores, entre tantos outros.
Bela Lorena, mais que uma fazenda, simboliza o espírito civilizatório do povo urucuiano e se constitui como um grande repositório de informações e documentos da história de Formoso e da região. Em nenhum outro lugar de Formoso e quiçá do Brasil-interior encontramos tantos vestígios preservados da Civilização no Sertão Brasileiro, com acervos tão valiosos para compreender a alma heroica dos pioneiros do povoamento do nosso país, a saga bandeirante pelo desbravamento do sertão indômito, e a epopeia grandiosa de patriarcas fundadores de famílias colonizadoras como é aqui o caso do casal Silvério Mendes e Bernardina Carneiro, cujas lembranças gloriosas foram celebradas durante a Solenidade Comemorativa ao Centenário do Ex-vereador Levi Carneiro Magalhães nos dias 19 e 20 de abril de 2013, que entraram emblematicamente para a História da Região do Marco Trijunção.
Que os políticos de Formoso, com ou sem mandato, vejam em eventos como este um momento de reflexão sincera contra o descaso do Poder Público em relação à preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Socioambiental do Povo Brasileiro. Bela Lorena poderia muito bem ser o Memorial do Povo Formosense caso alguma alma sensível à beleza e às artes no mundo político local visualize nos horizontes a idéia de que um Povo sem Memória é presa fácil da demagogia e prisioneiro do silêncio coletivo danoso ao futuro e ao desenvolvimento local integrado sustentável das comunidades tradicionais desse Brasil que, mais uma vez repetimos, tanto seduziu intelectuais como Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Afonso Arinos. A ONG UNIFAM, órgão editor desse Jornal, e o historiador Xiko Mendes, há anos têm projetos nesse sentido, mas sem eco nos gabinetes oficiais. Talvez agora, com a nova conjuntura política local, o senso estético e o valor à memória entrem na pauta das políticas públicas em Formoso e nos demais municípios de nossa região de fronteiras entre Bahia, Goiás e Minas.