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24/11/2013

XIKO MENDES - DESPEDIDA DE FORMOSO-MG


“Aos Vencedores, as Batatas”

Xiko Mendes

Vocês me venceram!
Podem comemorar saindo às ruas com faixas
Celebrando a Vitória da Omissão Coletiva.
Tentei acabar com o analfabetismo em Formoso.
Fui derrotado, pois quem é político-coronel adora
Eleitores que chegam cegos à urna eletrônica
Já trazendo a tiracolo o número do candidato.
Tentei implantar a Reforma Agrária em Formoso.
Ajudei Ozanam a criar o primeiro sindicato no município.
Fracassei, pois os Latifundiários continuam mandando na cidade.
Tentei conscientizar os eleitores de que não deviam vender o voto.
Saí candidato pregando essa campanha ética e perdi.
São e serão eleitos em Formoso aqueles que pagam contas de água e luz;
Dão carona na beira da estrada, pagam receita de remédio,
Não lutam contra o analfabetismo, não movem esforços
Para Formoso se industrializar e dar emprego para os eleitores, etc.
Tentei combater a corrupção em Formoso.
Aí acusaram-me de ser “Mal” (?!), de ser “ Muito Crítico”...
Mais uma vez os “Políticos, que se acham
Donos do Futuro de Formoso”,  saíram vencedores.
Tentei convencer o Povo de que Meio Ambiente
É indispensável para se ter uma Cidade Sustentável.
Também me derrotaram.
Eles preferem ver os rios Piratinga, São Domingos e
Seus afluentes morrendo intoxicados a ficar do meu lado.
Tentei lutar pela criação de uma Região Integrada de Desenvolvimento
Que juntasse os Municípios da Região do Marco Trijunção
Entre os Estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais;
Mas a maioria dos políticos não deu apoio.
Eles acham melhor que Formoso continue isolado, com
Um Povo dependente de favores políticos em troca de voto.
Aos vencedores curvo-me, como um derrotado assumido,
Porém, altivo, patriota e feliz por não ser cúmplice dessa gente.
Deixem que meus vencedores celebrem suas vitórias
Mantendo o Analfabetismo em Formoso;
Mantendo a continuidade dos agrotóxicos
Matando rios; desmatando o Cerrado; e
Tudo virando cinza;
Celebrem suas vitórias!
Celebrem a conivência com aqueles que já
Surrupiaram os Cofres Públicos e continuarão impunes
E ainda serão novamente eleitos com o voto do Povo!
Aos meus vencedores
Deve ser prazeroso manter o atraso cultural em Formoso
Para que, assim, eles possam continuar se reelegendo
Graças à falta de Consciência Cívica e Política local;
Aos meus vencedores deve ser bom celebrar
O suplício que é ser Pai de Família em Formoso,
Criar cinco, dez filhos, e a vida toda ficar desempregado,
Vivendo de subemprego, de favorzinhos políticos,
E tendo que se humilhar aos coronéis que se julgam donos de Formoso;
Aos meus vencedores deve ser “sadicamente” agradável
Ver grupos de jovens desempregados na sarjeta das drogas,
Como transeuntes moribundos vagando nos becos noturnos;
E nenhum político eleito toma providências;
Aos meus vencedores deve ser muito útil
Formoso continuar isolado, sem estradas, que nos liguem
A todos os Municípios da Região do Marco Trijunção.
Aos meus vencedores, que continuam festejando
A ida de ambulâncias levando pobres doentes para Brasília,
Deve ser útil não termos estrutura de saúde que preste;
Aos meus vencedores, que continuam de braços cruzados
Vendo o Cerrado morrer sem fazer nada,
Deve ser proveitoso usar a grana do Agronegócio para
Financiar estruturas milionárias de campanhas eleitorais
Para serem eleitos e, depois,
Urdir “estratégias” de ressarcimento dos gastos;
Aos meus vencedores também deve ser “bom demais”
Ver filho de pobre andando em ônibus caindo aos pedaços
Atrás de escolas distantes enquanto esqueletos de obras inacabadas
Não se convertem em prédios de novas escolas próximas desses alunos;
Aos meus vencedores, que continuam comemorando
Os meus fracassos, deixo apenas uma lição:
É graças a “vitórias” como essas aqui,
Que Formoso continuará sendo o que sempre foi
Desde os Primórdios de sua História lá no século XVIII:
Uma cidade pacata, com baixíssima autoestima e um povo omisso.
É graças aos meus fracassos que Formoso continuará
Celebrando essas “grandes vitórias” como “legado”
Às Novas Gerações, que ainda nascerão neste 3º Milênio,
E para as quais meus fracassos custarão caro ao
Futuro do Povo Formosense.
Celebrem suas “vitórias”!
E, antes que seja tarde, celebrem também
A vergonhosa biografia dos vencedores de hoje

E que será escrita pela Posteridade.

27/08/2013

XIKO MENDES se despede de Formoso-MG.

Carta Aberta ao Povo de Formoso-MG para ser lida em meu Centenário de Nascimento em janeiro de 2068

Bsb, 6 de abril de 2013.

Inventei um ditado que repasso aos meus filhos e agora aos meus conterrâneos: “Quando o capeta fecha uma porta, Deus abre todas as janelas, e enquanto o Mal é carregado pela Tempestade, bons ventos nos devolvem a bonança”. É isso o que está acontecendo comigo nesses últimos meses. Confesso-lhes meu sofrimento e mágoas que, acredito, serão passageiras.
Confesso-lhes do fundo do coração quanto amo Formoso e quanto é doído tudo isso que vos escrevo nesta missiva redigida com a dor de amar tanto um lugar para o qual dediquei todos os dias e noites, mas que nunca, até hoje, retribuiu com justo reconhecimento público o que fiz por ele. Talvez porque os contemporâneos julgam o que fiz como sendo muito pouco.
Nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Mas aconteceu. E sobre isso passo a lhes dizer palavras de dor que torturam meus sentimentos patrióticos. Mas que recolhidas ao silêncio inquieto do mais profundo âmago de minha existência agonizante, um dia hão de eternizar-se como verdade ferina na consciência culpada daqueles para os quais essa carta é direcionada.
Em período recente fui procurado por algumas pessoas de Formoso-MG para compor alianças políticas e ajudá-las a realizar o sonho delas. Essas pessoas já tinham tentado outras vezes realizar seus sonhos. E haviam fracassado.
Eu, na minha santa ingenuidade de querer ajudar, passei vários meses ajudando-as, carregando o piano, trabalhando de graça para que essas pessoas chegassem ao pódio. Essas pessoas, antes de serem vitoriosas, me abraçaram, iam à minha casa, abraçavam meus filhos, dizia admirar minha esposa, me recebiam com sorrisos largos, porém, traiçoeiros (só agora percebi).
Essas pessoas simplesmente me queriam apenas para me usar nos seus propósitos maquiavélicos. Fui ingênuo e besta – hoje admito que fui bobo da corte. Em 2012 essas pessoas proferiam elogios falsos a mim, dizendo-se admiradoras de minha erudição. Mas agora vejo que isso era apenas para amaciar meu ego e tirar proveito dos meus conhecimentos. Caí na cilada. Fui um babaca. Fui escada para que essas pessoas pisassem o pé em minhas costas e saíssem vitoriosas.
Essas pessoas pediram que eu escrevesse documentos, redigisse atas, digitasse dezenas e dezenas de formulários (...), fizesse parte de comissão para transição de governo, ajudasse a redigir relatórios, etc. Fiz tudo isso e não cobrei nada, absolutamente nada. E nem muito obrigado ou um abraço ganhei. O que recebo hoje em troca é fuxico contra mim, é falatório em becos de ruas e esquinas acusando-me de mercenário quando elas, sim, é que são verdadeiramente mercenárias porque usam as pessoas para alcançar seus objetivos maquiavélicos, destroem os sonhos das pessoas, pisam no pescoço da mãe para se chegar ao poder e, depois, nos ignoram, nos desprezam, nos deixam magoados.
Depois que essas pessoas saíram vitoriosas com meu apoio, elas continuaram me iludindo com falsas expectativas. E sempre que eu as procurava me enrolavam dizendo que mais adiante eu seria recompensado. Quero dizer a essas pessoas que não quero nem nunca exigi recompensas financeiras ou pessoais. Eu não preciso disso. Sou Servidor Público e tenho salário suficiente para viver, criar minha família e ser feliz.
Queria que essas pessoas as quais dei apoio e para as quais dediquei tanto tempo precioso de minha vida, me ajudassem a realizar projetos comunitários em benefício do Povo Formosense. Logo no início de 2013, transferi a Sede da nossa ONG UNIFAM, de Brasília para Formoso-MG. E gastei mais de dois mil reais com essa transferência. E agora estamos gastando o mesmo valor para retornar nossa ONG UNIFAM para Brasília.
Mudamos o Estatuto da ONG UNIFAM em março de 2013. E inserimos novos objetivos. Ei-los: 1) – Projeto RIDE TRIJJUNÇÃO (Região Integrada de Desenvolvimento dos Municípios da Trijunção entre Bahia, Goiás e Minas) com a finalidade de reintegrar os municípios que fica entre esses três estados, promovendo, pois, o desenvolvimento integrado sustentável deles; 2) – Projeto do jornal Repórter Marco Trijunção, buscando integrar cidades baianas, goianas e mineiras (Baiangoneiras) por meio de sua cultura e potencialidades através do jornalismo; 3) – Revista BAGOMINAS (com a mesma finalidade); 4 – Projeto do Ecomuseu Comunitário Marco Trijunção/Grande Sertão Veredas; 5) – Rádio Comunitária Trijunção FM (também com a finalidade de estreitar o relacionamento político-institucional e interpessoal entre autoridades e populações das cidades aqui citadas; 6) – Promover cursos e fazer convênios com universidades para melhor o desenvolvimento intelectual do povo na região.
Tudo isso consta do Novo Estatuto de nossa ONG UNIFAM. Mas as pessoas às quais aqui me refiro, simplesmente viraram as costas se tornando indiferentes a mim e contra esses projetos. Não quiseram mover nenhum esforço para que esses projetos acontecessem. Motivo: medo de eu crescer politicamente. Digo a essas pessoas que não me interessa disputar carguinho eletivo em Formoso por causa de salário. Saí candidato em 2012 simplesmente porque acho que mandato não é justificado pelo salário, mas ele deve ser usado para QUE a pessoa, legitimada pelo povo, tenha mais força na realização de ideais coletivos.
No início de 2013, pedi, por exemplo, apoio para realizar em Formoso o 1º Encontro de Prefeitos e Vereadores da Fronteira entre Bahia, Goiás e Minas, com o fim de discutir e gerar documentos para a criação do Projeto RIDE TRIJUNÇÃO, e o apoio não veio. Pedi para aprovar na Câmara de Formoso o reconhecimento da UNIFAM como órgão de utilidade pública municipal e também o apoio não veio. Pedi para que o Conselho Municipal de Assistência Social, em Formoso, reconhecesse a UNIFAM como Entidade Beneficente neste município e, assim, a gente pudesse regularizar a ONG junto aos governos federal e estadual, e esse apoio também não veio. Pedi que se fizesse parceria cultural com nosso jornal Repórter Marco Trijunção para que divulgássemos as belezas e potencialidades de Formoso, e também o apoio não veio.
Assim fui percebendo que as pessoas que contribuí para serem vitoriosas, não estavam apenas contra mim. Elas são contra meus projetos e contra o desenvolvimento de Formoso e da Região. É gente com cabeça pequena, que se esconde atrás da máscara ($$$$$) do dinheiro, que o povo escolhe para governar, mas não estão preparadas para ter bom senso, saber separar picuinhas e intrigas palacianas, dos grandes ideais que movem a transformação do Mundo e faz a diferença na evolução da Humanidade.
Essas pessoas pensam pequeno, só querem o poder pelo poder. E quando percebe que no grupo político delas há pessoas que pensam, que escrevem, que têm ideias próprias e senso crítico, que fazem propostas interessantes, que desejam colocar em prática ideias benéficas ao povo, aí essa gente logo se distancia, fica prisioneira da inveja e começa a nos ignorar, a nos criticar, a colocar o povo contra  a gente.
Essas pessoas que eu ajudei a chegar ao pódio, agora insinuam ao povo ilações improcedentes; e alguns fofoqueiros se postam a espalhar pelas ruas o boato de que eu rompi com elas porque sou mercenário, sou interesseiro. Eu desafio essa gente a fazer um debate em público comigo na Rádio Formoso FM e AO VIVO sobre os reais motivos de minha desilusão com Formoso e porque decidi abrir mão de me envolver com esse município.
Graças a Deus não preciso de emprego público em Formoso para sobreviver bajulando gente com um “Q.I” muito inferior ao meu. Não preciso me rebaixar à condição de vassalo serviçal para viver na sombra de gente que se apega ao Poder para viver dependente de “sinecurinhas” com salário abaixo do meu. Sou um homem honrado, sou coerente e tenho convicções éticas e democráticas muito firmes. E ainda sonho. Sonho com um mundo diferente deste que é vivenciado pelo Povo de Formoso.
O motivo de me criticarem é este: enquanto o Povo de Formoso não tomar vergonha na cara, deixar de vender voto (como aconteceu em 2012 gerando a cassação de candidato), deixar de se iludir com tapinhas nas costas, deixar de acreditar em candidatos medíocres, e votar naqueles que são ética e intelectualmente mais preparados, a gente vai continuar sendo esse Formoso prisioneiro da pequenez áulica, que sofre de “vista curta” (Miopia Política), sofre de câncer em metástase (ignorância política) e é um paciente que reluta em tomar remédio (ter consciência política).
Dizer aqui essas verdades doe no coração desses políticos. As pessoas de Formoso têm medo de dizer isso que você acaba de ler. E eu não tenho. Esse é o motivo da maioria dos políticos em Formoso me detestar, dizer que eu sou “Chico Doido”: eu não escondo a verdade; eu digo que enquanto Formoso for governado por alguns tipos de político como muitos do que nós conhecemos, essa cidade, que já tem mais de duzentos anos, vai continuar sendo esse “curralzinho eleitoral controlado por uma elitizinha que precisa ler pelo menos uma cartilhazinha da primeira série de antigamente” para melhorar sua visão sobre o real significado da frase “Gestão Pública Municipal”.
Foi difícil para eu tomar a decisão de não mais envolver com Formoso. Desde criança Formoso virou inquilino permanente em meu coração. E eu virei hóspede com lugar fixo no Paraíso onde se sonha um Formoso diferente. Mas agora percebi, melancolicamente e nostalgicamente, que esse Formoso paradisíaco que tanto sonhei e cantei em minhas poesias, não existe nem eu, solitariamente, vou conseguir realizá-lo ou transformá-lo. Por isso, desisti. Assumo que me acovardei, mas acho que já dei a minha contribuição como integrante da Humanidade. Os livros que publiquei documentando mais de dois séculos de história em Formoso, servem de contribuição para que, não as gerações atuais, mas a Posteridade possa compreender que fiz minha parte como cidadão formosense.
O Povo de Formoso gosta de votar nos políticos que os governam. E o povo tem esse direito. Afinal de contas, não há mesmo muita opção de escolha. E é essa elite política que não escreve nem lê sequer seu signo no horóscopo, que dá carona na beira da estrada, paga receita de remédio, contas de água e luz para os pobres, a mesma elite que é responsável pelo Formoso que dramaticamente a gente está vendo: uma cidade ofegante, moribunda, em estado permanente de CALADAMIDA PÚBLICA. E assim o fazem porque detestam gente como eu, que sonhava em trazer projetos comunitários para libertar esse povo da “troca de favores por voto”.
Não serei eu o único a se opor a tudo isso nem sou mais honesto ou mais ético do que ninguém. Mas entendo que a maioria desses políticos apenas finge ser diferente uns dos outros. Só que é tudo mentira. São todos iguais. É isso que me desilude e me faz desistir. Dizem alguns deles ser governo, e outros, Oposição. Mas, e se não for um governante “homem” e, sim, “mulher” ou até homossexual, as coisas vão mudar? Vai ser diferente? Ah! Isso também é balela. A cabeça deles é a mesma. A mente é a mesma. Nenhum grupo político em Formoso quer transformar essa cidade. É o Poder pelo Poder! Quem tem mais dinheiro ganha a eleição. Esse é o slogan.
Ter Currículo Acadêmico, mostrar Folha de Serviços Prestados, dizer que ganhou o Nobel de Literatura Internacional, que escreveu mais de vinte livros... Isso conta pouco ou nada. Reina o Imediatismo. O Paraíso começa e acaba em três meses de campanha. Faz parte desse cardápio como ingredientes eleitorais: carona na estrada, bujão de gás, contas de água e luz, receita de remédio, encaminhamento de aposentadoria, doação de materiais de construção, transporte de doentes para Brasília em veículos oficiais, etc.
Depois, reina o caos, a desilusão, a desesperança. Quatro anos depois, nova eleição. Mais três meses de “Paraíso Apocalíptico”. E assim Formoso segue, grotesca e ironicamente, reproduzindo esse Ciclo Mítico do Eterno Retorno do Caos, fazendo ritual de autoavacalhação de si mesmo por meio do voto, sem ter critério rígido na escolha de seus representantes. Enquanto isso, o Futuro se agoniza, o povo padece, e nada é feito.
Quase todos fazem uso do continuísmo e do mandonismo, com as mesmas e velhas práticas clientelistas e “fisiológicas” para se chegar ao Poder a qualquer custo ($$$$$$$$$$).  Não há convicção, há interesses pessoais. Como diria o sociólogo Max Weber, a Ética da Convicção é humilhada e sobreposta à Ética da Necessidade. Eles querem e conseguem trazer o Povo Formosense nas rédeas do cabresto. E quando alguém – e esse é meu caso – tenta pensar projetos comunitários interessantes, eles – a maioria desses políticos – vêm com a “tesoura de Coronel” e cortam as pétalas para que as flores não germinem novas sementes. Quem é diferente deles é doido, e deve ser excluído do grupo político deles.
Eu decretei uma sentença em meu coração: saio triste de Formoso e voltarei sempre a ele somente para passear. Formoso não sairá de mim enquanto eu viver; nem eu sairei dele, simbolicamente. Mas me acho hoje condenado ao OSTRACISMO, aquele instrumento político de punição inventado pela Democracia grega de Atenas por meio do qual os políticos da Grécia votavam a expulsão dos adversários que lhes incomodavam. Eu, que fui candidato a vereador em 2012 em Formoso, obtendo 110 votos (aos quais agradeço eternamente), tive, por meio das urnas, a votação do meu OSTRACISMO.
Mas – se o Capeta fecha uma porta, Deus abre todas as janelas – eu tenho a dizer a mim mesmo que estou muito feliz. Brasília é cidade que me acolheu em 1989 e onde prosperei, onde construí família e me estabilizei profissionalmente. Pois é aqui na Capital do Brasil onde sou homenageado, onde já fui eleito para direção de escola pela comunidade de Planaltina, onde sou um escritor reconhecido publicamente em eventos institucionais, onde sempre tive apoio... é aqui onde devo plantar sonhos como parteiro de utopias. Esse é o lugar para o qual agora voltarei meus olhos, dedicarei minha mente para compreendê-lo, decifrá-lo, amá-lo intensamente... E assim recompensar tudo o que Brasília já me deu.
É em Brasília que fecundarei agora minhas utopias, partilharei com outros sonhadores meus ideais comunitários ou cósmico-planetários. E farei em toda a minha existência um Juramento de Amor Eterno à Capital do Brasil, lugar onde a Esperança, mesmo para os miseráveis imortalizados por Victor Hugo, ainda reluz no fim do túnel como o último facho de luz na penumbra do Apocalipse dissipando fagulhas solitárias na curva do universo em chamas.
Brasília é encruzilhada de destinos indefinidos que se definem como esfinge na véspera do suicídio no cadafalso do Olimpo. Brasília é meu delírio, é minha metáfora, é sonho que se fecunda. Formoso é minha alegoria melancólica tragada pela nostalgia bairrista e presa na garganta do “Logos” em silêncio enquanto os Bajuladores de Plantão celebram, triunfantes, o Banzo de suas asneiras políticas pela desistência ou enterro simbólico dos sonhadores. Sonhar, em Formoso, também é pecado. E ninguém vive sem sonho.
Em Formoso fui condenado por sonhar. Mas em Brasília sempre fui bem acolhido porque aqui há uma sinestesia de sonhares incessantes à espera de um mundo que se levanta do solo como centelha queimando a mediocridade “maquiavélica” desses que hoje comemoram minha desistência em lutar por um Formoso que se quer diferente. Pobre povo! Pobre povo que observa, passivamente, o espetáculo de pirotecnia demagógica e monetária encenado por uma elite plutocrática que bem representa os dois séculos dessa história cuja odisseia pitoresca eternizei em meus livros e para a qual dediquei toda a minha vida até hoje.
Abraços a quem gosta de mim e sentirá minha falta lutando por Formoso, pois “Quando o capeta fecha uma porta, Deus abre todas as janelas, e enquanto o Mal é carregado pela Tempestade, bons ventos nos devolvem a bonança”. Sou um homem feliz e ainda vivo o sonho de ver o mundo diferente, ainda que não seja em Formoso. Atenciosamente, XIKO MENDES, Educador e Escritor, nascido em Formoso-MG.


02/08/2013

XIKO MENDES

OI AMIGOS LEITORES DE NOSSO JORNAL,

Nos próximos dias, vamos anunciar uma notícia importante sobre o nosso jornal REPÓRTER MARCO TRIJUNÇÃO.

AGUARDEM!


XIKO MENDES

01/08/2013

HISTÓRIA DE FORMOSO-MG.

Segundo o Historiador Xiko Mendes, as origens de Formoso remontam ao século XVIII. O povoamento surgiu em decorrência do desenvolvimento da Pecuária e porque a cidade originou-se de um arraial formado como ponto de arranchamento (pouso) de viajantes que trafegavam pela Estrada Real Caminhos da Bahia oficializada em abril de 1736 por D. João VI (Rei de Portugal), e que ligava o litoral de Salvador-BA à Vila Bela da Santíssima Trindade-MT. A prova documental mais antiga do povoamento de Formoso data de 4 de outubro de 1778 por meio de um Roteiro de Viagem de D. Luiz da Cunha Menezes que, nomeado para governar Goiás, viajou por essa Estrada Real, e hospedou-se na fazenda onde hoje localiza-se Formoso, documentando sua existência histórica. Documento da Câmara de Paracatu-MG, datado de 15/10 de 1800, incorporou Formoso, oficialmente, ao território paracatuense. 

A formação do núcleo urbano que deu origem à cidade de Formoso, provavelmente, só se iniciou por volta dos anos 1830 e 1840, pois nenhum documento oficial nem relatos de escritores ou viajantes fazem referência a um suposto povoado na atual Formoso antes da Independência do Brasil (1822). Em 1840, o cientista inglês George Gardner foi o primeiro que se tem notícia a documentar a existência do Arraial Formoso. Em 5 de outubro de 1870, o Vice-presidente de Minas Gerais, Dr. Agostinho José Ferreira Bretas, sancionou a Lei Provincial nº: 1713 que CRIOU O DISTRITO DE FORMOSO, no Município de Paracatu. Por 93 anos, permaneceu na condição de distrito. A Lei Estadual 843 de 7/9 de 1923, sancionada pelo Governador Raul Soares, transferiu o Distrito de Formoso, de Paracatu, para os domínios de São Romão-MG. O Governador Magalhães Pinto sancionou a Lei Estadual 2.764 de 30/12 de 1962, que APROVOU A EMANICIPAÇÃO POLÍTICA DE FORMOSO-MG


O Autor da Proposta de Emancipação foi o Deputado Estadual LOURIVAL BRASIL FILHO (1916-2000), que nunca visitou Formoso nem foi votado pelos eleitores formosenses. Não houve nenhuma mobilização social prévia que reivindicasse um eventual processo emancipatório. EFEMÉRIDES COMEMORATIVAS: 50 anos de Emancipação em 2013; 250 anos de Povoamento em 2028; teremos o Sesquicentenário (150 anos) da Criação do Distrito de Formoso em 2020; e o CENTENÁRIO DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE FORMOSO previsto para 1º de Março de 2063.

16/07/2013

FORMOSO-MG (POESIA DE XIKO MENDES).

Último Capítulo da LeXIKOpédia Baiangoneira

Xiko Mendes

I – Formoso aos 235 Anos (1778 – 2013)

Foi numa longa caminhada centenária
Que moldamos o Povo de Formoso,
Mas no caminho uma onda refratária
Bloqueou sonhos em busca do novo.

Foi revendo cada fato de nossa história
E analisando os seus acontecimentos,
Que percebi quanto a nossa trajetória
É marcada de retrocessos e lamentos.

Quanto tempo e oportunidades perdidas!
Quanta esperança que morreu ofegante!
Quantos de nós dedicaram as suas vidas
Por um Formoso que sumiu no horizonte!

Deus! Oh Deus! Não esqueça de Formoso!
Cuide dessa gente que é vítima de políticos!
Não deixe que o Futuro se destrua de novo,
Comprometendo o destino desse município.

II – Carta para lerem em minha Despedida como Historiador de Formoso de Minas

Nasci numa terra tão bela, única e inesquecível;
E desde criança passei a amá-la intensamente.
Por toda a vida lutei e fiz um esforço impossível
Para torná-la feliz e o seu povo mais consciente.

Aos doze anos decidi estudar a sua história
Para compreender melhor o nosso passado;
Escrevi livros para preservar a sua memória
Para que no futuro tudo fosse relembrado.

Percorri em minhas pesquisas toda a epopeia
De um povo humilde, mas de rostos felizes;
Narrei a biografia dos heróis dessa odisseia
E vi quanto certos fatos deixaram cicatrizes.

Por mais de trinta anos pesquisando tudo,
Encontrei histórias belas e outras trágicas;
Diante delas me fingi sempre como mudo
Escamoteando-as num passe de mágica.

Assim fui construindo a minha enciclopédia
De fatos relevantes sobre Formoso de Minas,
Mas hoje me decepciono e retomo as rédeas
Já que na vida há algo mais que me fascina.

E chegou a hora da minha lamentável partida!
Dou adeus à luta e a tantas pesquisas infindáveis;
E sei que cumpri a missão que atribuí na vida
Ao me propor em estudar fatos tão memoráveis.

Deixo às gerações que ainda viverão em Formoso
O meu legado cultural como um humilde patriota;
E com a certeza de que tudo fiz pelo nosso povo,
Despeço-me de vocês porque vou mudar de rota.

Decepcionado com a elite política do município
E chateado com a ingratidão de “companheiros”,
Despeço-me de Formoso com um sorriso triste
De quem chora sugando lágrimas no desespero.

Choro hoje e chorarei sempre nessa despedida,
Pois amo e amarei Formoso enquanto viver.
E nunca esquecerei que em toda a minha vida,
Formoso é minha utopia e essência do meu ser.

III – Região do Marco Trijunção ou BA.GO.Minas
(Fronteira entre Bahia, Goiás e Minas)

Esse foi meu último sonho em Formoso:
O de promover a integração dessa cidade
Com um projeto que fizesse de seu povo
O protagonista de sua própria felicidade.

Sonhei em unir Minas com Goiás e Bahia
Para juntos formarmos nova reintegração,
Pois somente se unindo é que se poderia
Trazer progresso rápido a essa população.

Tentei convencer os prefeitos e vereadores
Para que eles apoiassem de forma coletiva,
Unindo fronteiras dos três estados divisores
Para o desenvolvimento de novas iniciativas.

Mas a maioria das lideranças dessa Região
Mostrou-se apática ou com inveja do projeto
Que visava integrar cidades dessa Trijunção,
Mas que precisava desse apoio para dar certo.

Sem apoio e sem logística para a estruturação,
Desisti de sonhar em desenvolver a fronteira
Entre Bahia, Goiás e Minas, para que a nação
Pudesse promover a Consciência Baiangoneira.

IV – Vou-me embora de Formoso

Vou-me embora de Formoso!
E voltarei apenas para passear,
Pois lutei tanto por esse povo
Que agora deverei descansar.

Vou-me embora desse Formoso
Que tanto amo e amarei sempre.
E cansei de lutar por esse povo
Que ignora o esforço da gente.

Vou-me embora já desse Formoso
Cujos políticos têm inveja de mim!
E desses políticos eu tenho é nojo
Por serem de uma elite muito ruim.

Vou-me embora já desse Formoso!
E bem longe buscarei a felicidade.
Eu não me envolverei com esse povo
Nem batalharei mais por essa cidade.

Vou-me embora já desse Formoso!
Não peçam para que mude de ideia.
Não tive reconhecimento desse povo;

Por isso eu dou adeus a essa Patuleia.

03/07/2013

XIKO MENDES

Eles, os Torturadores da Consciência Local, Roubaram Formoso Dentro de Mim

(Esse é um Recado aos que baterão palmas na Minha Despedida).
Xiko Mendes

I – Viagem Apocalíptica a Formoso no ano 2028

Estamos em 2028!
Quanto tempo passou desde que nasci nesse lugar!
Há 65 anos somos município!
Estou velho, sexagenário e desiludido.
Aqueles que me seduziram com esperança,
Todos me traíram e destruíram meus sonhos.
E nada mudou. Nada mesmo!
Tudo continua como antes.
Minha cidade percorrendo caminhos errantes
Sem que o Progresso triunfe sobre a Hipocrisia ambulante.
Estamos em 2028: são 250 anos de história
Desde que D. Luiz da Cunha Menezes,
Um governador de Goiás hospedou-se
Numa fazenda que mais tarde seria
Chamada de Formoso.
Foi ele, D. Luiz – o “Fanfarrão Minésio”,
O primeiro que testemunhou nossa origem em 1778;
E depois foi ridicularizado nas “Cartas Chilenas”
De um poeta inconfidente que fecundava revolução.
Mas o que mudou em Formoso, em dois séculos e meio?
O rio Piratinga morreu intoxicado.
Só sobrou do rio São Domingos as pedras lindas.
Restou tão somente o rio Carinhanha protegido
Dentro do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
O jatobá centenário da Praça Felipe Tavares
Também se cansou de tanta hipocrisia e secou.
Formoso continua isolado, geograficamente.
Formoso está no meio do Mapa do Brasil,
Mas vive na “ilha” Bagominas,
Que não é Bahia nem Goiás nem Minas.
Está próximo distante dos centros mais civilizados,
Sem contato com a maioria dos municípios vizinhos.
Cadê os governantes que se elegeram
Nas eleições municipais de 2016, 2020 e 2024?
Onde estão eles?
Quem são esses hipócritas,
Que me seduziram dizendo que realizaria meus sonhos?
E depois de eleitos, sumiram?
Fui usado tantas e tantas vezes por candidatos assim,
Mas hoje, em 2028, velho e desiludido,
Eu posto-me na encruzilhada, ponho a mão no queixo
E me pergunto, com tristeza:
O que eles fizeram de nós, o Povo Formosense?
Mataram o futuro de nossas crianças!
Compraram votos dos desempregados!
Roubaram o dinheiro da Saúde!
Desviaram a verba do asfalto!
E ninguém reclama de nada.
Em Formoso há uma placa no Imaginário:
“Reclamar é crime!”.
Para o Povo de Formoso,
Tudo é normal, tudo é natural.
Essa é a sina maldita dessa cidade de nome bonito,
Mas com um povo resignado que adota o silêncio
Como resposta em sua omissão secular.
Formoso sempre foi assim – dizem eles.
Por que mudar agora?
E assim, de eleição em eleição,
Formoso vai morrendo aos poucos,
Sepultando as esperanças na curva incompleta,
Destruindo sonhos de quem ainda tem coragem de sonhar.
E você, o que está fazendo?
Será mais um que vai me chamar de crítico impiedoso?
É, meu amigo! É graças a você
Que Formoso chegou onde estamos, em 2028,
E nada, nada absolutamente,
Conseguiu em 250 anos modificar
Essa cidade de gente emudecida e cúmplice
Que aceita tudo, sem reclamar de nada.
E se você reclamar é logo chamado de doido, “cricri”...
Em Formoso é proibido pensar;
É proibido ter opinião própria;
Quem pensa e sonha, logo é visto como adversário do governo.
Formoso é prisioneiro da Teia da História.
E dentro dela vai tecendo a tragicomédia
Que somos nós: um povo que prefere sofrer
A lutar, ferozmente, contra o seu silêncio conivente,
Que permite 25 décadas de isolamento,
Que provoca o suicídio do sonho e da esperança.
Em Formoso a Roda Viva da História
Anda para trás e marcha, desgovernada, para o abismo.
Mas onde está o Futuro?
E para onde foi o Passado?
Formoso é silêncio!
Formoso é impotência grávida de (des)encantamento.
Formoso é esfinge: um enigma que se distancia do Passado
E foge do Futuro.
Para onde vamos?

II – Carta para Meus Netos Lerem no Centenário da Emancipação de Formoso em 2063

A vocês, filhos que herdam de Minas
O Espírito de Mineiridade moldado pela crença na liberdade,
Pelo orgulho de seu Passado, pela ética na República
E pelo respeito à vida e ao povo numa Pátria Comunitária,
Deixo meus sonhos como um legado e testemunho póstumos
Daquilo que não consegui ver e vivenciar em Formoso,
Terra que fecunda esperança, mas que há dois séculos
Espera Deus semear nela o desenvolvimento para todos.
Sonhei com um Formoso de Minas
Onde exercer o direito à Liberdade de Expressão
Não fosse mais motivo de censura prévia entre alguns conterrâneos.
Sonhei com um Formoso onde o câncer do analfabetismo
Não contaminasse mais nenhum Formosense;
E que a ignorância política não mais reinasse entre essa gente.
Sonhei com um Formoso onde não seria mais preciso
Levar pacientes para Brasília porque criamos uma boa rede hospitalar.
Sonhei com um Formoso onde os rios Piratinga,
Carinhanha, São Domingos e seus afluentes não morressem
Intoxicados pelo veneno que contamina(va) o subsolo desse município.
Sonhei que muitos de meus conterrâneos, em vez de fuxicarem
Sobre a vida do vizinho, se desse ao trabalho de transformar a si mesmo
Para melhor contribuir patrioticamente com o Povo Formosense.
Sonhei com um Formoso onde combater a corrupção e
Exigir honestidade dos governantes da nossa cidade
Não mais fosse visto como “pecado” nem quem combata
A ladroagem de dinheiro público nunca mais fosse apelidado de “cricri”.
Sonhei que várias empresas um dia se instalariam em Formoso
Para que todos os eleitores pudessem ter emprego,
Se tornassem livres e independentes para expressar sua OPINIÃO
E que nunca mais alguém ousaria comprar voto em troca
De pagamento de receita de remédio, promessa de emprego público,
Pagamento de contas de água e luz, carona na beira da estrada, etc.
Sonhei que Formoso teria asfalto ligando seu território com todos
Os municípios da Região do Marco Trijunção,
Nessa fronteira esquecida entre Bahia, Goiás e Minas Gerais.
Sonhei que vocês, meus netos e demais descendentes, nunca mais
Viveriam sob o reino do silêncio cúmplice e da conveniência oportunista
Porque alguns poderosos se julgam donos de Formoso e sua gente.
Sonhei...Sonhei...Sonhei...
Mas morri sem que o povo de minha terra reconhecesse em mim
Alguém que em toda a sua existência
Viveu todos os dias, todas as noites e todos os anos,
Irmanado com a Minoria que luta e acredita num Formoso
Onde Virtude e Nobreza de Caráter,
Onde Simplicidade e Humildade Franciscanas,
 Onde “Compromisso e Respeito pelo Povo”...,
Mais do que palavras que agradam ao meu senso (est)ético,
Seja de fato o slogan de todos nós, o Povo Formosense,
Gente que sonha ou se frustra na gangorra das urnas;
Gente que ama Formoso, indistintamente;
Gente que dá a vida em comunhão ecumênica
Por um Formoso democrático, justo, igualitário, transparente,
Decente e, sobretudo, onde Felicidade, Justiça e Utopia
Guiem, definitivamente, esse Povo na marcha silenciosa
Rumo ao Futuro; e que o Passado, palimpsesto do que fomos,
Seja sempre uma Advertência incômoda aos Patriotas que virão.
Mas onde está o Futuro?
E para onde foi o Passado?
Formoso é silêncio e penumbra!
Formoso é um ponto ofuscado
Na curva em direção ao Infinito.
Formoso perdeu-se na onda epicósmica do Caos;
E fixou-se no Oco do Universo.
Formoso é metaformose na encruzilhada;
É o Tudo; é o Nada.
É o devir nascituro, agonizado, que nunca veio a ser;
É o Não-Ser inerte e inerme, engasgado na garganta de Deus.
Formoso foi o último sonho de um patriota
Antes do meu Apocalipse Existencial.
Eles, os Torturadores da Consciência Local,
Roubaram Formoso dentro de mim.
Chorei quando eles mataram todos os sonhos
Que tive, desde criança, por um Formoso diferente e melhor.
Dou-me por vencido.
Desisti de sonhar por Formoso de Minas.
Deixe que o seu Povo, esse Ente Inominado,
Decida, sozinho, sobre o seu próprio Destino
E que sua História seja também o
Tribunal que julgará nos próximos séculos
Os erros e virtudes de uma cidade
Que emudece, solitariamente,
Diante do próprio sofrimento coletivo.
Adeus, Formoso!
Adeus, Torturadores da Consciência Local!
Que nesse Primeiro de Março de 2063
Quando Formoso comemora 100 anos de Emancipação,
Alguém se lembre de que meus livros sobre sua História,
Foi a contribuição que dei a um povo sofrido,
Mas que no Passado ergueu, altaneiro, a Bandeira
Do Sonho no projeto heroico de desbravamento do Sertão.
Eles, os nossos Antepassados, plantaram sonhos.
Eu, um visionário frustrado, naufraguei no Mar da Desesperança.
Deus! Deus! Oh Deus! “Onde estás que não responde”?
Deus: Por que Formoso está tão perto de Brasília
E tão longe do Futuro?
Por que Formoso está tão perto de Deus e
Tão longe do Céu?
É porque Formoso sofre da Síndrome de Tântalo.

Deus: Cuide de Formoso!!!

14/06/2013

UNIFAM

AMIGOS LEITORES de nosso jornal REPÓRTER MARCO TRIJUNÇÃO,


A próxima edição impressa de nosso jornal com 16 páginas, sendo metade colorida, estará circulando no início de julho de 2013 nas mais de dez cidades da FRONTEIRA ENTRE BAHIA, GOIÁS E MINAS.



Ao povo e nossos parceiros da REGIÃO DO MARCO TRIJUNÇÃO, ficam os nossos agradecimentos, inclusive com a nossa eterna gratidão àqueles que são nossos PATROCINADORES.



XIKO MENDES

Editor 
Diretor Executivo da ONG UNIFAM, dona do jornal.

04/05/2013

CARNEIRO EM FORMOSO-MG PRESTA LINDA HOMENAGEM AO EX-VEREADOR MAIS IDOSO DO MUNICÍPIO.


Carneiro reúne seus Familiares, realiza Grande Confraternização em Formoso e homenageia o Patriarca Levi

                              XIKO MENDES 

Foi promovido no sábado, 20/4, o maior evento social dos últimos tempos na bela cidade de Formoso-MG. Uma multidão se reuniu na Cozinha Comunitária para festejar uma rara e singular celebração natalícia em honra aos cem anos bem vividos de Seu Levi Carneiro Magalhães. Foi oferecido um apetitoso almoço de confraternização regado a belíssimas apresentações e discursos efusivos de personalidades, entre as quais, Joaquim Borges Carneiro, Joaquim Ornelas, a Prefeita Nena Marchese, o vice-prefeito Edimar Carneiro, Xiko Mendes e Zeneide Carneiro (anfitriã do evento). A família Carneiro cuja história de pioneirismo remonta ao século XIX, decidiu juntar amigos e sua parentela espalhada em diferentes lugares do Brasil (Goiânia, Brasília, Cuiabá, Arinos, Buritis, São Paulo, Formosa, Sítio da Abadia, etc) para que, irmanados pela fraternidade cívica e genealógica, prestasse homenagens emocionantes ao Seu Levi, ex-vereador de Formoso por três vezes e venerável varão desse ilustre patriarcado.
Famosa na História e na boca do povo pela preocupação em valorizar a cultura e promover a formação intelectual de seus descendentes, os Carneiros estão inseridos no contexto político e social de Formoso desde os anos 1840. Naquela década, o fazendeiro formosense Silvério Mendes Teixeira, patriarca fundador da família Mendes de Queiróz, iniciou nova família casando-se em segundas núpcias com Dona Bernardina Maria da Purificação CARNEIRO da Rocha e Silva, que veio de Januária em lobo de burro. Ela deixou para trás a velha Januária que até os anos 1960 era a Capital Regional do norte-noroeste de Minas, oeste baiano e nordeste goiano. Como porto, centro cultural e comercial do rio São Francisco, Januária marcou a vida intelectual do interior, e deixou marcas entre os Carneiros. Dona Bernardina e seu Silvério deram origem a uma das famílias que sempre foi focada no valor do conhecimento como virtude inseparável do trabalho na busca do progresso familiar e dos Municípios de Formoso, Januária e Arinos onde se misturaram com os Valadares, Magalhães, Ornelas, Martins, Wajmann, Maciel, entre outras.
Duas filhas do casal Silvério e Bernardina fundaram o clã em Formoso. Maria Antônia Carneiro Mendes casou-se com José Borges Carneiro, januarense e parente de Dona Bernardina. A irmã dela, Maria da Encarnação C. Mendes tornou-se esposa de Joaquim B. Carneiro, irmão de José. Foram ambos morar em Bela Lorena, ali fundando a mais representativa fazenda do interior brasileiro destacando-se como pólo de desenvolvimento em todo o período que Formoso foi distrito de Paracatu e São Romão (1870-1962).  Na década de 1860, os irmãos José e Joaquim Borges, genros de Silvério Mendes, construíram um verdadeiro império transformando Bela Lorena em ponto de referência social, cultural e econômica de toda a região do Vale do Rio Carinhanha, fronteira entre Bahia e Minas.
A família Borges Carneiro uniu a cultura que Dona Bernardina trouxe de sua terra natal, Januária, com o pioneirismo do desbravador Silvério Mendes, grande colonizador de Formoso, nas nascentes do Carinhanha. Deram início a uma verdadeira epopéia com lições de erudição no sertão que mais tarde encantaria o escritor Guimarães Rosa a eternizá-lo em obras clássicas como o romance “Grande Sertão: Veredas”. Em 170 anos de história, a Família Carneiro foi responsável pela fundação de empresas de sucesso como a Claudionor Carneiro & Filhos, fábrica de cachaça em Januária cuja tradição supera o tempo. Também formaram em curso superior os primeiros cidadãos formosenses, entre eles, Dr. João Borges Carneiro, que depois elegeu-se vice-prefeito de Januária. Os Carneiros deram a Formoso o único filho nativo como deputado: Dr. Djalma Rocha, que foi deputado estadual por vários mandatos em Mato Grosso, Chefe da Casa Civil daquele estado, líder político em Poconé-MT, Conselheiro, Vice-presidente e Presidente do Tribunal de Contas matogrossense. Juscelino Carneiro Martins, que se notabilizou como fazendeiro em Unaí. Todos os escritores nascidos em Formoso são descendentes de Silvério Mendes e ou de Bernardina  Carneiro: João Rocha, Miguel Carneiro, Quinca Borges e Xiko Mendes.
Benevides Borges Carneiro, (pai de Quinca Borges), foi ao mesmo tempo vereador dos distritos de Formoso e Arinos em São Romão-MG, nos anos 1920, além de ter sido genro do Major Saint Clair F. Valadares, ilustre político e intelectual que recriou o Município de S. Romão, foi o principal fundador de Arinos e era amigo íntimo do escritor Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras. Saint Clair é bisavô do Escritor arinense Napoleão Valadares, e este é trineto de Antônia Maria Carneiro Mendes, é autor de dezenas de livros e advogado do Governo Federal. Miguel Carneiro foi vereador do Distrito de Formoso (1947-1950), e depois foi vereador de Sítio da Abadia-GO por dois mandatos quando também tornou-se um dos principais fundadores de Alvorada do Norte-GO, além de ser historiador do povo sitiense e formosense. A maioria dos escrivães do cartório de Formoso era da família Carneiro em toda a primeira metade do século XX. Até a década de 1970, Bela Lorena aparecia nos mapas do Brasil e não a Vila Formoso, o que mostra a relevância geopolítica regional daquela fazenda.
Além desses, vários integrantes da família Carneiro se destacaram sendo eleitos para mandatos em cidades como Formoso e Arinos, entre os quais, podemos citar Joaquim B. Carneiro (Quinca Borges, vereador e escritor memorialista), Assuero Carneiro (recém-falecido) e Levi Carneiro (que ajudaram Formoso a emancipar-se), Edgar Carneiro e Edmar Carneiro (vice-prefeitos de Formoso), Augusto José de Almeida, Izoldino Carneiro, Joaquim Carneiro Ornelas (Quincão), Jurandir Carneiro, que também foram vereadores, entre tantos outros.
Bela Lorena, mais que uma fazenda, simboliza o espírito civilizatório do povo urucuiano e se constitui como um grande repositório de informações e documentos da história de Formoso e da região. Em nenhum outro lugar de Formoso e quiçá do Brasil-interior encontramos tantos vestígios preservados da Civilização no Sertão Brasileiro, com acervos tão valiosos para compreender a alma heroica dos pioneiros do povoamento do nosso país, a saga bandeirante pelo desbravamento do sertão indômito, e a epopeia grandiosa de patriarcas fundadores de famílias colonizadoras como é aqui o caso do casal Silvério Mendes e Bernardina Carneiro, cujas lembranças gloriosas foram celebradas durante a Solenidade Comemorativa ao Centenário do Ex-vereador Levi Carneiro Magalhães nos dias 19 e 20 de abril de 2013, que entraram emblematicamente para a História da Região do Marco Trijunção.
Que os políticos de Formoso, com ou sem mandato, vejam em eventos como este um momento de reflexão sincera contra o descaso do Poder Público em relação à preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Socioambiental do Povo Brasileiro. Bela Lorena poderia muito bem ser o Memorial do Povo Formosense caso alguma alma sensível à beleza e às artes no mundo político local visualize nos horizontes a idéia de que um Povo sem Memória é presa fácil da demagogia e prisioneiro do silêncio coletivo danoso ao futuro e ao desenvolvimento local integrado sustentável das comunidades tradicionais desse Brasil que, mais uma vez repetimos, tanto seduziu intelectuais como Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Afonso Arinos. A ONG UNIFAM, órgão editor desse Jornal, e o historiador Xiko Mendes, há anos têm projetos nesse sentido, mas sem eco nos gabinetes oficiais. Talvez agora, com a nova conjuntura política local, o senso estético e o valor à memória entrem na pauta das políticas públicas em Formoso e nos demais municípios de nossa região de fronteiras entre Bahia, Goiás e Minas. 

28/04/2013

OSMAR CARNEIRO, FILHO DE FORMOSO-MG, FALECEU HOJE.

Faleceu na tarde de hoje, 28 de abril, o cidadão formosense OSMAR CARNEIRO, filho do ex-vereador ASSUERO CARNEIRO, que faleceu dia 30 de março desse ano. Em nome de nossos associados da ONG UNIFAM, nós, editores desse jornal, registramos nossos pêsames aos familiares.

XIKO MENDES,
EDITOR

XIKO MENDES (POESIA).


Carta a um Parceiro (In)Confidente

                                                                                  
Xiko Mendes


Como andam as coisas nessa cidade? 
Para mim, parece tudo meio esquisito, 
Enigmático, indecifrável. 
Estou muito desanimado com essa cidade. 
Uma névoa de apreensão e perplexidade
Paira sobre o céu
E escondido na minha penumbra, 
Não consigo enxergar gotas de otimismo 
Nos horizontes da terra onde o Sol 
Iluminou o marco zero da minha existência.
Uma luz distante e fugidia afunila o fim do túnel, 
Espanta a primavera, 
Dá um susto na minha paciência e 
Torna-me um pessimista, 
Pois acreditei muito que alguns sonhos pudessem realizar, 
Mas tudo cada vez mais contribui para estreitar os caminhos, 
Encher de pedras os atalhos e dificultar uma saída. 
A gente sonha sozinho, 
Mas não realiza sonhos sozinhos. 
Acreditei que dessa vez pudesse
Realizar sonhos por uma cidade melhor porque
Achava contar com algumas parcerias importantes, 
Mas essas parcerias não acontecem e 
São sempre adiadas mês a mês, e
Ao contrário de minhas expectativas, 
Apenas me seduzem com belas palavras protelatórias, 
Sem nexo no contexto da vida. 
COMPROMISSO pelo sonho e RESPEITO à realidade. 
É isso que falta ao mundo de nossa existência. 
O povo...? Esse, como sempre, 
É prisioneiro da ilusão que desaparece 
E retorna a cada eleição.
Já disse Mestre Guimarães Rosa que 
"Viver é muito perigoso". 
Mais que perigoso, 
Viver é desiludir-se constantemente 
Na ânsia de se acreditar que amanhã 
Será melhor que hoje quando na verdade 
A ilusão sempre mora na encruzilhada e 
Arma ciladas contra quem sonha.
Essa é uma mensagem cifrada para dizer,
Criptograficamente, 
O que estou sentindo nesse momento.
E esse é um recado de
Um Cidadão Apaixonado por essa Cidade, 
Mas que se cansou de sonhar, 
Pois sempre que parece tocar a mão no Infinito, 
Aparece alguém para tirar-lhe a mão e
Recolocá-la na dimensão do Impossível.

25/04/2013

XIKO MENDES (POESIA).


A Arte de se enganar com Políticos

(Xiko Mendes)

Se você quer se enganar com algum político,
Preste bem atenção: ainda que ele não te conheça,
Ele finge que é seu amigo há muito tempo;
Entra na sua casa e te dá um abraço traiçoeiro,
Mas como se fosse o seu melhor amigo.
Ele esbanja “humildade e abnegação”
Como se fosse o maior dos samaritanos;
Ele beija os seus filhos, a esposa ou o marido,
Como se fosse parte de sua família;
Ele invade o seu lar com a certeza de que
Você aceitará ser enganado.
Ele abre um falso sorriso largo no rosto
Para esconder e mascarar quanto é dissimulado;
Ele te mete a faca nas costas, mas com diplomacia,
Como se estivesse te convidando para
Um banquete com os deuses da Demagogia no Palco;
Ele se “com-promete” em realizar seus sonhos;
Ele promete destruir todas as suas angústias;
Ele se propõe a ser a Panaceia do Mundo;
Mas o que ele quer mesmo de você é o voto;
Mais nada. Você não é nada para ele.
Você é apenas o voto que tem.
Você, eleitor, é apenas um papel higiênico,
Um objeto descartável cuja utilidade se esgota
Após o resultado das eleições com o fechamento das urnas.
Eleito, empossado e entronizado na “Tribuna da Vaidade”,
Onde os medíocres e mequetrefes se julgam
Os mais importantes dos seres humanos,
Aí tudo muda: aquele político “bom samaritano”,
Mostra de fato quem verdadeiramente ele é:
Vaidoso, mentiroso, tirânico, farsante,
E sempre, sempre muito mascarado.
Ele foge da verdade como o diabo foge da cruz;
Eis a cartilha da arte de se enganar com políticos!
Portanto, não se deixe enganar por várias vezes,
Pois as estratégias são sempre as mesmas
Em todas as eleições quando a busca por votos
Transformam os políticos em porta-vozes da Esperança.
Eu já cansei de me decepcionar com políticos.
Agora decidi cruzar os braços, “me fingir de morto”
Para depois, muito tempo depois,
Dar a minha resposta em silêncio,
Sem que eles percebam,
Pois não existe coisa pior para um político
Do que ele ser ignorado pelo eleitor quando
Ele está em busca do voto e você vira
O centro das atenções e não vota nele.
Essa, então, é a hora de você ser o protagonista;
É a hora de você dar o troco e devolver a ele
Tudo o que fez de ruim ao longo do mandato.
Essa é a vingança cívica quando a
Sua Consciência de Cidadania
No Estado Democrático de Direito
Vira a única arma capaz de combater os Calhordas
Que se chafurdam no mar de lama do poder
E se envaidecem achando que nós, o Povo,
Somos a sarjeta do esgoto que eles constroem.
Só o voto, e somente com o seu voto (branco, nulo...),
Poderemos transformar o Mundo
E colocar na Lixeira da História
Essa gente sórdida, hipócrita, arrogante e prepotente,
Que se acha dona de nossas vontades e roubam
Nossos sonhos e esperanças.
E voltam na eleição seguinte com o mesmo discurso
De que são os Salvadores da Pátria.
Mas a Pátria somos nós: a Consciência Crítica
Que muda a Vida, nos devolve o Sonho e a Esperança.