Manifesto de
Criação do Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma CONSCIÊNCIA
BAIANGONEIRA
Prof. Xiko Mendes
(Da Academia de Letras do Noroeste de Minas, da
Associação Nacional de Escritores, da Academia Planaltinense de Letras, e da
Academia de Letras e Artes do Planalto).
Somos um só povo, o Povo Baiangoneiro, fruto
do hibridismo cultural entre baianos, goianos e mineiros, que vivem na Fronteira Cultural do Marco Trijunção,
região que ao mesmo tempo também é uma fronteira artificial inventada pelos
geógrafos de pranchetas oficiais do Estado Republicano.
“a fronteira é uma
zona de articulação entre diferentes culturas, etnias, povos e modos de vida
que deseja e enseja o contato e a
transculturação” (Charles Scherer Júnior e Carolina
Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em
3/2/13).
E
essa divisão geográfica, feita nos mapas do governo sem respeitar a identidade
cultural da região, e pelo contrário, separando os nossos municípios da Trijunção em três estados – Bahia, Goiás e
Minas Gerais – não traduz a realidade da formação histórica desse
território nem expressa a unidade de sua Cultura e Identidade ancestrais. Além
de Baiangoneiro,
somos um Povo Catrumano, Geralista ou Geraizeiro na melhor definição
étnico-linguística dessa palavra.
Para Leonardo Viana:
“Catrumano define, no
folclore regional dessas terras, ao habitante em particular de todas as terras
de Sertão das Minas Gerais e do Nordeste, e também nomeia, agora por
escolha dos linguistas, ao idioma falado mais caracteristicamente no Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri,
e no Sertão da Bahia, e que se
alastra por todas as Minas Gerais e o Nordeste em variantes dialetais. O Catrumano, porém, é considerado língua;
e difere do Português em sua semântica, gramática, pronúncia e expressões. O
termo Catrumano, do homem
sertanejo, adjetivo que vem de quadrumano (do latim quadrumanu), que por
sua vez é uma forma variante prosaica de quadrúmano, o que tem quatro mãos
(...)”. (www.leonardovianablog.wordpress.com,
acesso em 30/1/13).
A Bahia, junto com Pernambuco, é a
Matriz Cultural e Histórica formadora do povo e do território interestadual da Região do Marco Trijunção. Na época em que o Brasil fora colônia e império, a
atual trijunção fronteiriça entre os estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais
pertenceu, primeiro a Pernambuco, depois à Bahia. A partir da segunda metade do
século XIX, com o processo de consolidação do Estado Imperial, o território dos
atuais municípios da Região do Marco
Trijunção foi separado em unidades político-administrativas diferentes.
Essa divisão territorial, desconectada do contexto histórico, fez com que as comunidades
baiangoneiras ou catrumanas se vissem desmembradas para incorporar-se
às regiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. Porém, o Sentimento de Nordestinidade,
herdado dos baiano-pernambucanos, prevaleceu nas características físicas, nos
usos e costumes do Povo dessa região.
Além desses aspectos fisionômico-culturais, também se
sobressaem as características comuns do meio ambiente marcado pelo ecossistema
conhecido como Gerais ou Carrasco, tipo de vegetação peculiar à
transição entre o Bioma Cerrado e o Bioma Caatinga. Baiagoneiro, Catrumano, Geraizeiro ou Geralista são apenas
variações de linguagem para nos referir à mesma população da Região do Marco Trijunção. As
comunidades que se formaram no período colonial como residentes na região
banhada pelos rios Carinhanha, Urucuia e
Corrente, integrantes da Bacia do rio São Francisco, assim como aquela que
se fixou no paredão da Serra Geral, na área banhada pelo rio Paranã, em Goiás, já na Bacia do Tocantins, tiveram a mesma
origem, ou seja, elas se formaram dentro do mesmo contexto e do mesmo processo
de colonização, resultante do encontro socioeconômico e histórico-cultural
entre os pecuaristas dos currais sanfranciscanos e os mineradores do
Centro-oeste.
Já na década de 1730, alguns anos depois da descoberta de
ouro em território goiano e matogrossense, garimpeiros, fazendeiros e
contrabandistas abriram picadas que se tornaram caminhos clandestinos, ligando
Salvador, então capital do Brasil, aos centros mineradores do Alto Médio São
Francisco (MG e BA) e do Centro-oeste. O rei português D. João V oficializou
essas picadas sob a denominação de ESTRADA REAL popularmente conhecida, ora
como Estrada dos Currais do São Francisco, ora como Estrada Geral do Sertão,
ora como Estrada Real Caminhos da Bahia.
Essa estrada tornou-se a via arterial do desenvolvimento brasileiro na Colônia
(1500-1821) e no Império (1822-1889). Há minuciosa documentação provando a
existência histórica dessa Estrada Real. Governantes enviados pela Coroa
Portuguesa como D. Luiz da Cunha Menezes, em 1778, e cientistas estrangeiros
europeus como Gardner, Spix e Martius, ambos entre 1818 e 1840,
respectivamente, assim como a marcha dos revoltosos da Coluna Prestes
(1924-1927), transitaram por trechos dessa Estrada Real, atestando a constante
movimentação em seu itinerário até a construção de Brasília (1956-1960) quando
as rodovias federais (BR’s) provocaram a desativação dela.
O escritor mineiro, Guimarães Rosa – que publicou em 1956 o
romance “Grande Sertão: Veredas” –
situa o enredo de sua obra no Médio São Francisco, justamente onde estão as
bacias do Urucuia e Carinhanha, nas fronteiras da Trijunção. Nesse romance, Rosa
descreve quem é o Homo Sapiens Catrumano ou Baiangoneiro:
“O senhor estando lembrado: aqueles cinco, soturnos homens, CATRUMANOS também, DOS GERAIS, cabras do Alto
Urucuia (...). (...) pessoal dos GERAIS – gente mais
calada em si e sozinha, moradores das
grandes distâncias”.
Aqui
observamos que Guimarães Rosa ressalta dois aspectos que ainda hoje, mais de
meio século depois, ainda persistem como problemas estruturais na Região do Marco Trijunção: a “falsa ideia de distância” dos grandes
centros urbanos do nosso país e a “presumida
solidão”, que não é uma característica do Homem Catrumano, mas uma condição circunstancial imposta pela falta
de estradas ou meios que facilitem os contatos entre os municípios dessa
região. Não há dúvida de que a vergonhosa falta de ACESSIBILIDADE entre os
municípios da trijunção entre Bahia, Goiás e Minas Gerais, é o fator mais
preponderante que dificulta o reencontro sociocultural dessas comunidades baiangoneiras, e atrapalha o
desenvolvimento local integrado sustentável desses municípios.
Essa falsa
ideia de distância é, na verdade, irreal, pois ela é decorrente, isso sim, da
falta de investimentos em projetos estruturantes que estimulem a reaproximação
entre os municípios dos três estados. Da mesma forma, podemos afirmar que essa
presumível solidão também é passageira caso houvesse iniciativas que reatassem
os contatos sociais, familiares, comerciais e culturais que antes eram tão
constantes, desde o Brasil-colônia até se construir Brasília, por meio da Estrada Real Caminhos da Bahia, que
atravessava a Região do Marco Trijunção,
tornando-a um trevo estratégico para o desenvolvimento nacional.
Brasília foi
útil para interiorizar o país com as grandes rodovias federais. Mas essa “interiorização para agradar e enriquecer a
indústria automobilística” isolou o Sertão
Baiangoneiro, pois não criou nele estruturas de desenvolvimento local
capazes de incorporá-lo à Sociedade Industrial e de Consumo, que avançou rumo
ao Centro-sul e litoral do Nordeste e, mais recentemente, alargou-se para o
Centro-oeste e Amazônia. A interiorização da capital federal não criou
perspectivas locais para a população da Região do Marco Trijunção, que mora há
menos de seiscentos quilômetros de Brasília. Criou, sim, uma fronteira social,
que separa Brasília desse “Entorno Invisível” e relegado
pelas autoridades federais e dos estados fronteiriços.
Para Sandra Jatahy Pesavento:
“as fronteiras, antes de serem marcos físicos ou naturais, são,
sobretudo, simbólicas. São marcos, sim, mas sobretudo de referência mental que guiam a percepção da realidade. [...],
são produtos desta capacidade mágica de
representar o mundo por um mundo paralelo de sinais por meio do qual os
homens percebem e qualificam a si próprios, ao corpo social, ao espaço e ao
próprio tempo” (Sandra J. Pesavento, citada por Charles Scherer Júnior e Carolina Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em
3/2/13).
A Região do Marco Trijunção
transformou-se, metaforicamente, na “Ilha”
BA.GO.Minas, um mundo paralelo
constituído, simbolicamente, por uma fronteira social de subdesenvolvimento
cercado pelo progresso capitalista trazido após a inauguração de Brasília, que
converteu o Território Baiangoneiro no
“Entorno Invisível”, distante e
esquecido, da Capital Federal. Esse “Entorno
Invisível” se transformou em Fronteira Agrícola e, como polo do
Agronegócio, exporta bens de origem primária, inclusive para Brasília. Mas essa
“Ilha” BA.GO.Minas, sem mar e sem
porto seco, quer reintegrar-se internamente como uma só uma região, a Região do
Marco Trijunção.
E quer também se beneficiar dos projetos e
programas regionais de integração do Desenvolvimento Nacional, pois somente
por meio de parcerias institucionais entre a União (governo federal), Estados e
Municípios, e por meio de amplas e massificadas campanhas de mobilização social
e conscientização junto à Sociedade Civil Local dos municípios da Região do
Marco Trijunção, poderemos, em definitivo, dissolver a falsa “Ilha” BA.GO.Minas
para nela erguer-se, triunfante, um só povo, o Povo Baiangoneiro-Catrumano, com autoestima e crença absoluta no
seu indiscutível potencial e vocação para o Desenvolvimento e a
Sustentabilidade.
O Marco
Trijunção, pequeno monumento geodésico fixado num chapadão como emblema da
posse desse território, pelo Estado Republicano, é uma metáfora do descaso
institucional contra um Povo
Baiangoneiro, sofrido, marginalizado, e sem apoio intergovernamental.
Antes, porém, de ser uma fronteira entre as Macrorregiões Nordeste,
Centro-oeste e Sudeste, a Trijunção
entre BAHIA, GOIÁS E MINAS GERAIS é um marco de FRONTEIRA CULTURAL onde a
Cultura Nordestina, como substrato da Cultura Colonial de vaqueiros,
repentistas, cantadores e contadores de história oral, se encontrou com a
Cultura Caipira do Brasil Central – fusão do encontro entre o Bandeirante
Minerador e os pecuaristas dos Currais do São Francisco – formando, pois, uma
síntese a que chamamos de CULTURA CATRUMANA BAIANGONEIRA.
Segundo
Pesavento:
“Fronteiras Culturais
remetem à vivência, às sociedades, às formas de pensar intercambiáveis, aos
ethos, valores, significados contidos nas coisas, palavras, gestos, ritos,
comportamentos e ideias. [...]; a Fronteira
Cultural aponta para a forma pela qual os homens investem no mundo,
conferindo sentidos de reconhecimento ... A Fronteira Cultural é trânsito e passagem, que ultrapassa os próprios
limites que fixa; ela proporciona o surgimento
de algo novo e diferente, possibilitado pela situação exemplar do contato,
da mistura, da troca, do hibridismo,
da mestiçagem cultural e étnica (...); há, sem dúvida, uma tendência para pensar as fronteiras a partir de uma concepção que
se ancora na territorialidade e se desdobra no político. Nesse sentido, a fronteira é, sobretudo, encerramento de
um espaço, delimitação de um território, fixação de uma superfície. Em
suma, a fronteira é um marco que limita
e separa e que aponta sentidos socializados de reconhecimento” (Sandra
J. Pesavento, citada por Charles
Scherer Júnior e Carolina Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em
3/2/13).
Nós, do Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA,
reivindicamos do Governo Federal, e dos Governos Estaduais fronteiriços, que se
façam, conjuntamente, uma Nova Territorialização criando a REGIÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO DO ENTORNO DO MARCO TRIJUNÇÃO ENTRE
BAHIA, GOIÁS E MINAS GERAIS, e que se revitalize a ESTRADA REAL CAMINHOS DA
BAHIA, renomeando-a como Rodovia
TRANSBAGOMINAS, no trecho que se inicia em Carinhanha (BA), passa por Feira
da Mata (BA), Cocos (BA), Formoso (MG), segue para Sítio da Abadia (GO), e
termina na BR-020, em Flores de Goiás (GO), na Vila Santa Maria. Precisamos
delimitar nosso território, fixando institucionalmente a superfície espacial da
Região do Marco Trijunção.
Somos um movimento nativista de conteúdo holístico, sistêmico e ecumênico, porque
propomos a valorização da Identidade nativa, vernácula, brasílica, nordestina e
barranqueira do Povo Baiangoneiro.
Mas o nosso Nativismo não professa o
bairrismo xenófobo, nem a tacanha visão antropocêntrica do etnocentrismo
eurocêntrico. Somos a PAIDEIA CATRUMANA
porque queremos retomar o conceito grego de que a Educação, em sentido amplo (e
não somente através da escola), é o instrumento mediador da difusão e
preservação da Cultura Catrumana e
do conhecimento telúrico produzido pelo nosso povo. E propomos a CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA porque acreditamos
que por meio da Educação e da conscientização atávica, coletiva e permanente,
poderemos reconstituir os laços familiares, socioculturais, afetivos e
interpessoais entre os moradores dos vários municípios da Região do Marco Trijunção como alavancas do desenvolvimento local
de base comunitária entre os municípios aí situados. Mas desde que eles estejam
agrupados, institucionalmente, em um novo processo de territorialização
aprovado em legislação federal.
Conforme aponta João Pacheco de
Oliveira, territorialização significa:
“O movimento pelo qual um objeto político-administrativo (...) vem a
se transformar em uma coletividade
organizada, formulando uma identidade
própria, instituindo mecanismos de
tomada de decisão e de representação, e reestruturando as suas formas
culturais (...). As afinidades culturais ou linguísticas, bem como os vínculos
afetivos e históricos porventura existentes entre os membros dessa unidade
político-administrativa (arbitrária e circunstancial), serão retrabalhados
pelos próprios sujeitos em um contexto histórico determinado e contrastados com
características atribuídas aos membros de outras unidades, deflagrando um processo de reorganização sociocultural
de amplas proporções” [2] (wikepedia.org, acesso em 3/2/13).
O NATIVISMO BAIANGONEIRO proposto pela PAIDEIA CATRUMANA se fundamenta em três PILARES ATÁVICOS:
1º: O Ethus Catrumano, que é o conjunto de usos, costumes, saberes,
fazeres, folclore, lendas, culinária, crendices, tradições de modo geral,
enfim, é o Imaginário Social, o arquétipo e a memória coletiva do Povo Baiangoneiro perpetuados na
história oral, no atavismo regionalista de matriz baiano-nordestina, e nas
diferentes manifestações culturais da Região do Marco Trijunção.
2º: A Lexicopédia Catrumana, que é representada pelo conjunto de
estratégias de transmissão, realização e preservação do Ethus Catrumano, se configura no modo de traduzir e se expressar
pela palavra, e usando diferentes meios, o Inconsciente Coletivo do Homo Sapiens Catrumano Baiangoneiro. Lexicopédia,
antes de qualquer coisa, é a ressignificação comparativa, anti-sebastianista e
mediadora do mundo simbólico traduzido pela Lexicosofia Catrumana – a “filosofia” ou sabedoria rústica, matuta,
sertaneja, barranqueira e atávico-nativista – como base difusora de todas as
representações culturais do Ethus
Catrumano. Atavismo, para nós, não é carrancismo nem mito do eterno
retorno. É o nosso Sentimento de Sanfranciscanidade, é o rio São
Francisco como arché fundadora do nosso processo civilizatório. Lexicopédia,
portanto, é a Didática Catrumana que
nos faz reaprender a pensar e reconstituir essa “sanfranciscanidade”,
vendo o Território Interestadual do Marco Trijunção como uma Unidade
Sociocultural e Socioambiental, com suas origens na Região Nordeste do Brasil.
3º: A Práxis Baiangoneira, diferente do Ethus e da Lexicopédia, é
o processo dialético e socrático por meio do qual se realiza a Maiêutica
Catrumana, isto é, o Homo Sapiens
Catrumano se reencontra e dialoga, autocriticamente,
com sua Identidade Catrumana, mas a ressignifica, atavicamente, dentro do
contexto histórico da Globalização, adquirindo e produzindo novos conhecimentos
ou apropriando-se de variadas tecnologias, sem que as tradições e sua visão de
mundo identitário se pasteurizem e desapareça. Práxis é, pois, e simultaneamente, a teoria e a prática da Consciência Baiangoneira; é o encontro
dialético entre a Tradição Catrumana
e a Modernidade alienante como teste de sobrevivência da Cultura Popular frente
ao mundo globalizado. Práxis Baiangoneira é busca e reconstrução da Identidade
Catrumana e de suas trocas simbólicas; é o instrumento mediador das relações
lúdico-sociais, culturais, político-institucionais, socioeconômicas e
socioambientais, entre os municípios da Região do Marco Trijunção. Será por
meio dela que os baianos, goianos e mineiros sentir-se-ão um só povo, o Povo Baiangoneiro.
4º: O Universuçuarão é a cartografia imaginária, microcósmica e epicósmica, do Mundo Catrumano-Baiangoneiro,
mediada por leituras de autores como Guimarães Rosa, entre outros, que foram
intérpretes do Sertão Imaginado em Fronteiras Móveis. É o conjunto de diferentes
representações do território habitado pelo Homo
Sapiens Catrumano, dentro de uma perspectiva espacial pós-antropocêntrica,
pós-renascentista, pós-vitruviana, pós-etnocêntrica e dialética onde o suposto
conflito entre Identidade e Diferença de valores culturais permeia a Cosmovisão Catrumana, não como ameaça à
sua existência histórica e étnica, mas como travessia no entrecruzamento de
caminhos entre tradição e modernidade, entre o local e o global. O Universuçuarão é a busca de síntese
entre os espaços do Sertão Catrumano
e as linguagens que os traduzem para o mundo do simbólico. É o processo permanente
de ressignificação iconográfica do território do Homem Catrumano. É o intercâmbio literário e imaginário entre a
realidade espacial e as variadas formas de representação telúrica do locus comunitário, como mediador da boa
convivência cósmico-planetária entre homem e natureza.
O Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma Consciência
Baiangoneira propõe e defende para se
implantar nos Municípios da Região do Marco Trijunção, um Modelo de Desenvolvimento Territorial
Local Integrado Sustentável de Base Comunitária cujos Princípios
Identitários e Programáticos Fundadores são os seguintes:
·
Desenvolver, institucionalmente e didaticamente, a Práxis
pedagógica da PAIDEIA CATRUMANA disseminando o ideário desse Movimento Nativista junto à população
baiano-goiano-mineira que vive na Fronteira Cultural e Socioambiental entre
Bahia, Goiás e Minas Gerais, sempre procurando explicitar, construir,
difundir, teorizar, conscientizar, autocriticar-se e praticar princípios e
ações de integração SUSTENTÁVEL e ancestral entre os Municípios e
comunidades do Marco Trijunção, reconstituindo ou reapropriando-se de seu
Passado, e remetendo-os às suas Origens Coloniais Barranqueiras por meio das
TRADIÇÕES Fundantes do ETHUS CATRUMANO, geralista ou geraizeiro, nos
Currais da Bacia do Rio São Francisco por meio da CONSCIÊNCIA
BAIANGONEIRA;
·
Promover o DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL EM BASE COMUNITÁRIA SUSTENTÁVEL
por meio da formação e institucionalização do Território, Microrregião ou
Região do Marco Trijunção ou, ainda, outra configuração de representação
espacial semelhante, mas com o mesmo objetivo de agrupar e integrar os
municípios da Bahia, Goiás e Minas Gerais (BAGOMINAS), situados na tríplice
fronteira das Macrorregiões NORDESTE, CENTRO-OESTE e SUDESTE;
·
Desenvolver ações comunitárias conjuntas que contribuam para a SUSTENTABILIDADE
dos Municípios Baianos, Goianos e Mineiros localizados no MARCO TRIJUNÇÃO
e no seu Entorno, integrando-os ao Território Nacional, sobretudo com a região
do MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇU, Mesorregião de Águas Emendadas e
Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF),
e com as áreas de abrangência das Superintendências de Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE) e do Centro-Oeste (SUDECO), entre outros
INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAIS que forem criados e com
atuação no Noroeste de Minas, Nordeste Goiano e Oeste da Bahia, por
serem territórios que fazem fronteira com a área de abrangência das ações dessa
Entidade;
·
Fomentar a SUSTENTABILIDADE por meio de princípios holístico-ecumênicos
de solidariedade planetária, economia solidária, tecnologias sociais e outros
meios de ação impulsionadores do DESENVOLMENTO TERRITORIAL COMUNITÁRIO LOCAL E
INTERREGIONAL;
·
Dar condições de sobrevivência ao Povo BAIANGONEIRO que permita
aos moradores do Marco Trijunção ter acesso a direitos como Saúde, Educação, Cultura,
Transporte Coletivo, Emprego, Habitação, entre outros indispensáveis à
construção da Cidadania Baiangoneira com implementação de Políticas de Desenvolvimento
Urbano que através de planejamento racionalizem o crescimento demográfico da
região;
·
Viabilizar investimentos em Infraestrutura urbana e rural com obras de
saneamento ambiental (Instalação de
Equipamentos de Serviços Públicos Diversificados, Estação de Tratamento de
Resíduos Sólidos com usinas de reciclagem e compostagem, Estação de Tratamento
de Esgoto, Estação de Tratamento de Água com qualidade, etc), e com obras
de pavimentação asfáltica, melhorando a ACESSIBILIDADE VIÁRIA REGIONAL E
INTERMUNICIPAL, além da implantação da Eletrificação Rural em toda a região;
·
Racionalizar o uso de seus Recursos Naturais (água, solo, vegetação, etc) com atividades econômicas que não
comprometam a permanência do(s) bioma(s) do MARCO TRIJUNÇÃO e do AQUÍFERO
URUCUIA, investindo, para isto, em Tecnologias Limpas e Sistemas de Cadeias
Produtivas Sustentáveis, que gerem renda, emprego e impostos, mas não danificam
o Meio Ambiente para as próximas gerações baiangoneiras;
·
Modificar as
relações entre Estado (Prefeitura e Câmara Municipal)
e Sociedade Civil, dando a esta a possibilidade de tomar consciência
cívica e crítica coletiva de seus próprios problemas de modo a torná-la cada
vez mais organizada em associações representativas e capazes de transformar o
Modelo de Gestão Pública dos Municípios, historicamente centralizado e
assistencialista, em um Modelo Democrático Descentralizado e Transparente onde
o Povo Baiangoneiro tenha
participação política ativa nas ações de governo como, por exemplo, na
fiscalização do serviço público, na construção do Orçamento Participativo, na
organização do ASSOCIATIVISMO e do COOPERATIVISMO, etc;
·
Adotar princípios de Convivência Cósmico-planetária, respeitando todas as
formas de vida no Universo, e velando sempre pela coexistência com todas elas,
transformando a Terra em um grande Ecótono Socioambiental e Cultural,
com a valorização do Regionalismo, mas sem etnocentrismo nem visão antropocêntrica.
Assim sendo, o nosso Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por
uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA se propõe a construir novas perspectivas de desenvolvimento
local, integrado e sustentável, por meio de uma nova concepção de território interestadual em base comunitária. Mas
institucionalizado pelo governo federal e pelos governos estaduais da Bahia,
Goiás e Minas Gerais, com apoio e intervenção participativa das autoridades e
da Sociedade Civil Organizada dos Municípios
da Região do Marco Trijunção, e construída, coletivamente, pelo próprio POVO BAIANGONEIRO.
Formoso-MG, 28 de janeiro de 2013.