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23/02/2013

FORMOSO-MG comemorará 50 anos com BAILE DA NOITE BAIANGONEIRA, realizado pela ONG UNIFAM.


Venha participar do 2º EuFam:

Encontro Unindo Fronteiras e Amigos do MARCO TRIJUNÇÃO com

Baile da Noite Baiangoneira.

Homenagem aos 50 ANOS DA EMANCIPAÇÃO DE FORMOSO – MG


A ONG UNIFAM vem convidar você, seus amigos e familiares para participarem desse EVENTO CÍVICO-FESTIVO, que será realizado para comemorar o Jubileu de Ouro do 50º Aniversário de Formoso. Durante o evento, haverá muitas APRESENTAÇÕES CULTURAIS (SHOW MUSICAL, recital de poesia, lançamento de três livros e outras atividades culturais), além de várias homenagens que serão prestadas àqueles que contribuíram com o desenvolvimento local nos últimos 50 anos de Formoso.

·        Data do Evento: 2(dois) de março de 2013 (sábado).

·        Local: Cozinha Pública Comunitária de Formoso-MG;

·        Horário: a partir das Sete Horas da Noite.


Programação do Evento:


1º Momento Cultural: Sessão Comemorativa ao Jubileu de Ouro dos 50 Anos de Criação do Município de Formoso. Várias Personalidades de Formoso e dos demais Municípios da Região do Marco Trijunção serão condecoradas com a “Medalha Guimarães Rosa – Símbolo da Consciência Baiangoneira”, e com a entrega de Diplomas (emoldurados) da Ordem do Mérito Comunitário da UNIFAM, em parceria com Secretaria Municipal de Assistência Social.


2º Momento Cultural: Coquetel e Noite de Autógrafos com o escritor Xiko Mendes, que lançará o livro “BAGOMINAS – Guia Cultural e Eco-turístico do Entorno do Parque Nacional Grande Sertão Veredas”, e com o escritor João Rocha, que lançará os livros “Os Patriarcas” e “As Filhas de Eva”.


3º Momento Cultural: BAILE DA NOITE BAIANGONEIRA, um grande Show Musical com Sarau Poético-Literário e com animação da Banda Corpo Sarado, Aristiane da Banda Flor de Liss, DJ Pakito, entre outros (É de graça!).


Realização:

UNIFAMUnião Nacional de Integração e Fortalecimento de Ações para Municípios do Marco Trijunção.

Patrocínio:

Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma Consciência Baiangoneira e Funarte.

Apoio Cultural:

Secretaria Municipal de Assistência Social/Prefeitura de Formoso-MG, DJ Pakito, jornal Repórter Marco Trijunção e Rádio Comunitária Formoso FM.


Breve Currículo de
Felipe Tavares dos Santos, Patrono da Fundação de Formoso-MG

FELIPE TAVARES DOS SANTOS foi um dos primeiros moradores de Formoso segundo a tradição oral conservada pelas gerações que se sucederam ao longo dos séculos XIX e XX. Em 1972, o jornal belorizontino PORTA-VOZ DOS MUNICÍPIOS fez reportagem comemorativa aos 10 anos de aprovação da lei que determinou a Emancipação de Formoso. Nessa reportagem jornalística, que entrevistou as pessoas mais idosas de Formoso, Felipe Tavares aparece como um dos fundadores de Formoso por ter doado em parte de sua Fazenda Formoso, um quinhão de terra a Nossa Senhora da Abadia, Diocese de Olinda-PE, para nele constituir-se a cidade de Formoso. Na Divisão Fundiária feita nos anos 1940 ainda constava como espólio de Felipe Tavares, na Fazenda Formoso, mais de 100 mil hectares, que é a maior prova de sua existência histórica.
Dona Ludugéria Tavares de Souza, descendente de Felipe Tavares, viveu em Formoso no século XIX e início do século XX, casou-se com Honorato Pereira Pinto (família fundadora de Serra das Araras e de Pintópolis-MG). Dona Ludugéria Tavares deixou como descendente, entre outros, JOSÉ TAVARES PEREIRA (1900-1967). José Tavares casou-se com Dona Orotides Alves VilasBoas (Tide), neta de Abílio Caetano Vilas Boas, de Correntina, Oeste da Bahia. Com dona Tide, ele teve os filhos Valdeci, Geraldo, Davina, Sebastiana (Tiana), Antônio, Maria Deusa (Maria de Tide), Maria e Geni.
Outros descendentes de Felipe Tavares que ainda vivem em Formoso são os originários do Seu Salatiel.
Na história de Formoso, registramos ainda a contribuição dos escrivães Thiago Tavares dos Santos e Delfino Tavares de Oliveira, que foram dirigentes do nosso Cartório de Paz e Registro Civil do Distrito de Formoso, entre o fim do século XIX e início do século XX.
No Itaguari, zona rural de Cocos-BA viveu na primeira metade do Século XX ANINHA TAVARES, fazendeira descendente de Felipe Tavares, e que transformou sua fazenda em ponto de hospedagem. Na Fazenda Cachoeira, espólio do ex-prefeito Osvaldo Ornelas, há a Vereda Joaquim Tavares como outra lembrança pálida desse passado anônimo. Por essas e outras razões, confere-se a FELIPE TAVARES o título de PATRONO DA FUNDAÇÃO DE FORMOSO-MG.
(Texto do historiador XIKO MENDES divulgado na internet: www.unifambahiagoiasminas.blogspot.com).
Fonte: MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos, Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, p. 1 – 645.

Breve Currículo de
Martinho Antônio de Ornellas, Patrono do Povoamento de Formoso-MG

MARTINHO ANTÔNIO DE ORNELLAS (1808 – 1876) era filho de Brás Antônio de Ornelas. O INVENTÁRIO dele foi feito em Paracatu, em 18 de julho de 1879, três anos após sua morte.
Martinho Antônio de Ornellas casou-se com Dona Claudina Pereira Rodrigues que era provável irmã de Clemente Pereira Rodrigues, marido de Dona Laureana da Silva Barreto, co-fundadora de Sítio da Abadia-GO.  Martinho e Claudina tiveram dois filhos: Ana Joaquina e Martinho Júnior (1839-1910).
Ana Rodrigues de Ornelas se casou com Joaquim Teixeira Mariz, nordestino de Icó-CE, e que é co-fundador de Sítio da Abadia-GO. MARTINHO ANTÔNIO DE ORNELLAS JÚNIOR (11/11/1839 – 9/7/1910) teve, sucessivamente, quatro esposas: Joana Gomes de Moura, Jacinta Gomes de Moura (irmã da anterior e, portanto, cunhada dele), Isídia Rodrigues de Almeida (prima dele, e filha do Casal Firmiano José de Almeida e Matilde Pereira Rodrigues, que era irmã de Clemente e Claudina), e a quarta esposa, que foi Jovelina, sobrinha de Dona Isídia.
 Martinho Antônio de Ornellas, PAI DE DOIS FILHOS, tornou-se o Patriarca-Povoador de Formoso-MG e Sítio da Abadia-GO tendo em vista que seus dois filhos, ANA JOAQUINA e MARTINHO JÚNIOR (este foi pai de cerca de quinze filhos), respectivamente, formaram numerosas famílias e descendentes nos dois municípios vizinhos. Eis, pois, as razões pela quais MARTINHO ANTÔNIO DE ORNELLAS (1808 – 1876) é o PATRONO DO POVOAMENTO DE FORMOSO-MG.

(Texto do historiador XIKO MENDES divulgado na internet: www.unifambahiagoiasminas.blogspot.com).
Fonte: MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos, Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, p. 1 – 645.





15/02/2013

UNIFAM TEM NOVA DIREÇÃO (GESTÃO 2013-2015)

ONG UNIFAM tem nova direção

Diretor Executivo: Xiko Mendes.
Diretor Financeiro: Elismar Luiz.
Diretor de Gestão Estratégica em Desenvolvimento Local: Epaminondas Valadares.
Diretor Administrativo: Valtim Mendes.
Vice-Diretor Geral: José Miguel.

Conselho Fiscal:
Sirilo Rodrigues.
Andreia Coqueiro.
Sandra Araújo.

09/02/2013

PAIDEIA CATRUMANA, um Movimento Nativista por uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA.

Manifesto de Criação do Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA
 
                                            Prof. Xiko Mendes
(Da Academia de Letras do Noroeste de Minas, da Associação Nacional de Escritores, da Academia Planaltinense de Letras, e da Academia de Letras e Artes do Planalto).
 
         Somos um só povo, o Povo Baiangoneiro, fruto do hibridismo cultural entre baianos, goianos e mineiros, que vivem na Fronteira Cultural do Marco Trijunção, região que ao mesmo tempo também é uma fronteira artificial inventada pelos geógrafos de pranchetas oficiais do Estado Republicano.
 “a fronteira é uma zona de articulação entre diferentes culturas, etnias, povos e modos de vida que deseja e enseja o contato e a transculturação” (Charles Scherer Júnior e Carolina Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em 3/2/13).
E essa divisão geográfica, feita nos mapas do governo sem respeitar a identidade cultural da região, e pelo contrário, separando os nossos municípios da Trijunção em três estados – Bahia, Goiás e Minas Gerais – não traduz a realidade da formação histórica desse território nem expressa a unidade de sua Cultura e Identidade ancestrais. Além de Baiangoneiro, somos um Povo Catrumano, Geralista ou Geraizeiro na melhor definição étnico-linguística dessa palavra.
            Para Leonardo Viana:
Catrumano define, no folclore regional dessas terras, ao habitante em particular de todas as terras de Sertão das Minas Gerais e do Nordeste, e também nomeia, agora por escolha dos linguistas, ao idioma falado mais caracteristicamente no Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, e no Sertão da Bahia, e que se alastra por todas as Minas Gerais e o Nordeste em variantes dialetais. O Catrumano, porém, é considerado língua; e difere do Português em sua semântica, gramática, pronúncia e expressões.  O termo Catrumano, do homem sertanejo, adjetivo que vem de quadrumano (do latim quadrumanu), que por sua vez é uma forma variante prosaica de quadrúmano, o que tem quatro mãos (...)”. (www.leonardovianablog.wordpress.com, acesso em 30/1/13).
            A Bahia, junto com Pernambuco, é a Matriz Cultural e Histórica formadora do povo e do território interestadual da Região do Marco Trijunção. Na época em que o Brasil fora colônia e império, a atual trijunção fronteiriça entre os estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais pertenceu, primeiro a Pernambuco, depois à Bahia. A partir da segunda metade do século XIX, com o processo de consolidação do Estado Imperial, o território dos atuais municípios da Região do Marco Trijunção foi separado em unidades político-administrativas diferentes. Essa divisão territorial, desconectada do contexto histórico, fez com que as comunidades baiangoneiras ou catrumanas se vissem desmembradas para incorporar-se às regiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. Porém, o Sentimento de Nordestinidade, herdado dos baiano-pernambucanos, prevaleceu nas características físicas, nos usos e costumes do Povo dessa região.
Além desses aspectos fisionômico-culturais, também se sobressaem as características comuns do meio ambiente marcado pelo ecossistema conhecido como Gerais ou Carrasco, tipo de vegetação peculiar à transição entre o Bioma Cerrado e o Bioma Caatinga. Baiagoneiro, Catrumano, Geraizeiro ou Geralista são apenas variações de linguagem para nos referir à mesma população da Região do Marco Trijunção. As comunidades que se formaram no período colonial como residentes na região banhada pelos rios Carinhanha, Urucuia e Corrente, integrantes da Bacia do rio São Francisco, assim como aquela que se fixou no paredão da Serra Geral, na área banhada pelo rio Paranã, em Goiás, já na Bacia do Tocantins, tiveram a mesma origem, ou seja, elas se formaram dentro do mesmo contexto e do mesmo processo de colonização, resultante do encontro socioeconômico e histórico-cultural entre os pecuaristas dos currais sanfranciscanos e os mineradores do Centro-oeste.
Já na década de 1730, alguns anos depois da descoberta de ouro em território goiano e matogrossense, garimpeiros, fazendeiros e contrabandistas abriram picadas que se tornaram caminhos clandestinos, ligando Salvador, então capital do Brasil, aos centros mineradores do Alto Médio São Francisco (MG e BA) e do Centro-oeste. O rei português D. João V oficializou essas picadas sob a denominação de ESTRADA REAL popularmente conhecida, ora como Estrada dos Currais do São Francisco, ora como Estrada Geral do Sertão, ora como Estrada Real Caminhos da Bahia. Essa estrada tornou-se a via arterial do desenvolvimento brasileiro na Colônia (1500-1821) e no Império (1822-1889). Há minuciosa documentação provando a existência histórica dessa Estrada Real. Governantes enviados pela Coroa Portuguesa como D. Luiz da Cunha Menezes, em 1778, e cientistas estrangeiros europeus como Gardner, Spix e Martius, ambos entre 1818 e 1840, respectivamente, assim como a marcha dos revoltosos da Coluna Prestes (1924-1927), transitaram por trechos dessa Estrada Real, atestando a constante movimentação em seu itinerário até a construção de Brasília (1956-1960) quando as rodovias federais (BR’s) provocaram a desativação dela.
O escritor mineiro, Guimarães Rosa – que publicou em 1956 o romance “Grande Sertão: Veredas” – situa o enredo de sua obra no Médio São Francisco, justamente onde estão as bacias do Urucuia e Carinhanha, nas fronteiras da Trijunção. Nesse romance, Rosa descreve quem é o Homo Sapiens Catrumano ou Baiangoneiro:
O senhor estando lembrado: aqueles cinco, soturnos homens, CATRUMANOS também, DOS GERAIS, cabras do Alto Urucuia (...). (...) pessoal dos GERAIS – gente mais calada em si e sozinha, moradores das grandes distâncias”.
Aqui observamos que Guimarães Rosa ressalta dois aspectos que ainda hoje, mais de meio século depois, ainda persistem como problemas estruturais na Região do Marco Trijunção: a “falsa ideia de distância” dos grandes centros urbanos do nosso país e a “presumida solidão”, que não é uma característica do Homem Catrumano, mas uma condição circunstancial imposta pela falta de estradas ou meios que facilitem os contatos entre os municípios dessa região. Não há dúvida de que a vergonhosa falta de ACESSIBILIDADE entre os municípios da trijunção entre Bahia, Goiás e Minas Gerais, é o fator mais preponderante que dificulta o reencontro sociocultural dessas comunidades baiangoneiras, e atrapalha o desenvolvimento local integrado sustentável desses municípios.
Essa falsa ideia de distância é, na verdade, irreal, pois ela é decorrente, isso sim, da falta de investimentos em projetos estruturantes que estimulem a reaproximação entre os municípios dos três estados. Da mesma forma, podemos afirmar que essa presumível solidão também é passageira caso houvesse iniciativas que reatassem os contatos sociais, familiares, comerciais e culturais que antes eram tão constantes, desde o Brasil-colônia até se construir Brasília, por meio da Estrada Real Caminhos da Bahia, que atravessava a Região do Marco Trijunção, tornando-a um trevo estratégico para o desenvolvimento nacional.
Brasília foi útil para interiorizar o país com as grandes rodovias federais. Mas essa “interiorização para agradar e enriquecer a indústria automobilística” isolou o Sertão Baiangoneiro, pois não criou nele estruturas de desenvolvimento local capazes de incorporá-lo à Sociedade Industrial e de Consumo, que avançou rumo ao Centro-sul e litoral do Nordeste e, mais recentemente, alargou-se para o Centro-oeste e Amazônia. A interiorização da capital federal não criou perspectivas locais para a população da Região do Marco Trijunção, que mora há menos de seiscentos quilômetros de Brasília. Criou, sim, uma fronteira social, que separa Brasília desse “Entorno Invisível” e relegado pelas autoridades federais e dos estados fronteiriços.
Para Sandra Jatahy Pesavento:
as fronteiras, antes de serem marcos físicos ou naturais, são, sobretudo, simbólicas. São marcos, sim, mas sobretudo de referência mental que guiam a percepção da realidade. [...], são produtos desta capacidade mágica de representar o mundo por um mundo paralelo de sinais por meio do qual os homens percebem e qualificam a si próprios, ao corpo social, ao espaço e ao próprio tempo” (Sandra J. Pesavento, citada por Charles Scherer Júnior e Carolina Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em 3/2/13).
A Região do Marco Trijunção transformou-se, metaforicamente, na “Ilha” BA.GO.Minas, um mundo paralelo constituído, simbolicamente, por uma fronteira social de subdesenvolvimento cercado pelo progresso capitalista trazido após a inauguração de Brasília, que converteu o Território Baiangoneiro no “Entorno Invisível”, distante e esquecido, da Capital Federal. Esse “Entorno Invisível” se transformou em Fronteira Agrícola e, como polo do Agronegócio, exporta bens de origem primária, inclusive para Brasília. Mas essa “Ilha” BA.GO.Minas, sem mar e sem porto seco, quer reintegrar-se internamente como uma só uma região, a Região do Marco Trijunção.
E quer também se beneficiar dos projetos e programas regionais de integração do Desenvolvimento Nacional, pois somente por meio de parcerias institucionais entre a União (governo federal), Estados e Municípios, e por meio de amplas e massificadas campanhas de mobilização social e conscientização junto à Sociedade Civil Local dos municípios da Região do Marco Trijunção, poderemos, em definitivo, dissolver a falsa “Ilha” BA.GO.Minas para nela erguer-se, triunfante, um só povo, o Povo Baiangoneiro-Catrumano, com autoestima e crença absoluta no seu indiscutível potencial e vocação para o Desenvolvimento e a Sustentabilidade.
O Marco Trijunção, pequeno monumento geodésico fixado num chapadão como emblema da posse desse território, pelo Estado Republicano, é uma metáfora do descaso institucional contra um Povo Baiangoneiro, sofrido, marginalizado, e sem apoio intergovernamental. Antes, porém, de ser uma fronteira entre as Macrorregiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste, a Trijunção entre BAHIA, GOIÁS E MINAS GERAIS é um marco de FRONTEIRA CULTURAL onde a Cultura Nordestina, como substrato da Cultura Colonial de vaqueiros, repentistas, cantadores e contadores de história oral, se encontrou com a Cultura Caipira do Brasil Central – fusão do encontro entre o Bandeirante Minerador e os pecuaristas dos Currais do São Francisco – formando, pois, uma síntese a que chamamos de CULTURA CATRUMANA BAIANGONEIRA.  
            Segundo Pesavento:
Fronteiras Culturais remetem à vivência, às sociedades, às formas de pensar intercambiáveis, aos ethos, valores, significados contidos nas coisas, palavras, gestos, ritos, comportamentos e ideias. [...]; a Fronteira Cultural aponta para a forma pela qual os homens investem no mundo, conferindo sentidos de reconhecimento ... A Fronteira Cultural é trânsito e passagem, que ultrapassa os próprios limites que fixa; ela proporciona o surgimento de algo novo e diferente, possibilitado pela situação exemplar do contato, da mistura, da troca, do hibridismo, da mestiçagem cultural e étnica (...); há, sem dúvida, uma tendência para pensar as fronteiras a partir de uma concepção que se ancora na territorialidade e se desdobra no político. Nesse sentido, a fronteira é, sobretudo, encerramento de um espaço, delimitação de um território, fixação de uma superfície. Em suma, a fronteira é um marco que limita e separa e que aponta sentidos socializados de reconhecimento” (Sandra J. Pesavento, citada por Charles Scherer Júnior e Carolina Gomes Chiappini, In: www.celpcyro.org.br, acesso em 3/2/13).
            Nós, do Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA, reivindicamos do Governo Federal, e dos Governos Estaduais fronteiriços, que se façam, conjuntamente, uma Nova Territorialização criando a REGIÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO DO ENTORNO DO MARCO TRIJUNÇÃO ENTRE BAHIA, GOIÁS E MINAS GERAIS, e que se revitalize a ESTRADA REAL CAMINHOS DA BAHIA, renomeando-a como Rodovia TRANSBAGOMINAS, no trecho que se inicia em Carinhanha (BA), passa por Feira da Mata (BA), Cocos (BA), Formoso (MG), segue para Sítio da Abadia (GO), e termina na BR-020, em Flores de Goiás (GO), na Vila Santa Maria. Precisamos delimitar nosso território, fixando institucionalmente a superfície espacial da Região do Marco Trijunção.
            Somos um movimento nativista de conteúdo holístico, sistêmico e ecumênico, porque propomos a valorização da Identidade nativa, vernácula, brasílica, nordestina e barranqueira do Povo Baiangoneiro. Mas o nosso Nativismo não professa o bairrismo xenófobo, nem a tacanha visão antropocêntrica do etnocentrismo eurocêntrico. Somos a PAIDEIA CATRUMANA porque queremos retomar o conceito grego de que a Educação, em sentido amplo (e não somente através da escola), é o instrumento mediador da difusão e preservação da Cultura Catrumana e do conhecimento telúrico produzido pelo nosso povo. E propomos a CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA porque acreditamos que por meio da Educação e da conscientização atávica, coletiva e permanente, poderemos reconstituir os laços familiares, socioculturais, afetivos e interpessoais entre os moradores dos vários municípios da Região do Marco Trijunção como alavancas do desenvolvimento local de base comunitária entre os municípios aí situados. Mas desde que eles estejam agrupados, institucionalmente, em um novo processo de territorialização aprovado em legislação federal.
Conforme aponta João Pacheco de Oliveira, territorialização significa:
“O movimento pelo qual um objeto político-administrativo (...) vem a se transformar em uma coletividade organizada, formulando uma identidade própria, instituindo mecanismos de tomada de decisão e de representação, e reestruturando as suas formas culturais (...). As afinidades culturais ou linguísticas, bem como os vínculos afetivos e históricos porventura existentes entre os membros dessa unidade político-administrativa (arbitrária e circunstancial), serão retrabalhados pelos próprios sujeitos em um contexto histórico determinado e contrastados com características atribuídas aos membros de outras unidades, deflagrando um processo de reorganização sociocultural de amplas proporções” [2] (wikepedia.org, acesso em 3/2/13).
 
            O NATIVISMO BAIANGONEIRO proposto pela PAIDEIA CATRUMANA se fundamenta em três PILARES ATÁVICOS:
1º: O Ethus Catrumano, que é o conjunto de usos, costumes, saberes, fazeres, folclore, lendas, culinária, crendices, tradições de modo geral, enfim, é o Imaginário Social, o arquétipo e a memória coletiva do Povo Baiangoneiro perpetuados na história oral, no atavismo regionalista de matriz baiano-nordestina, e nas diferentes manifestações culturais da Região do Marco Trijunção.
2º: A Lexicopédia Catrumana, que é representada pelo conjunto de estratégias de transmissão, realização e preservação do Ethus Catrumano, se configura no modo de traduzir e se expressar pela palavra, e usando diferentes meios, o Inconsciente Coletivo do Homo Sapiens Catrumano Baiangoneiro. Lexicopédia, antes de qualquer coisa, é a ressignificação comparativa, anti-sebastianista e mediadora do mundo simbólico traduzido pela Lexicosofia Catrumana – a “filosofia” ou sabedoria rústica, matuta, sertaneja, barranqueira e atávico-nativista – como base difusora de todas as representações culturais do Ethus Catrumano. Atavismo, para nós, não é carrancismo nem mito do eterno retorno. É o nosso Sentimento de Sanfranciscanidade, é o rio São Francisco como arché fundadora do nosso processo civilizatório. Lexicopédia, portanto, é a Didática Catrumana que nos faz reaprender a pensar e reconstituir essa “sanfranciscanidade”, vendo o Território Interestadual do Marco Trijunção como uma Unidade Sociocultural e Socioambiental, com suas origens na Região Nordeste do Brasil.
3º: A Práxis Baiangoneira, diferente do Ethus e da Lexicopédia, é o processo dialético e socrático por meio do qual se realiza a Maiêutica Catrumana, isto é, o Homo Sapiens Catrumano se reencontra e dialoga, autocriticamente, com sua Identidade Catrumana, mas a ressignifica, atavicamente, dentro do contexto histórico da Globalização, adquirindo e produzindo novos conhecimentos ou apropriando-se de variadas tecnologias, sem que as tradições e sua visão de mundo identitário se pasteurizem e desapareça. Práxis é, pois, e simultaneamente, a teoria e a prática da Consciência Baiangoneira; é o encontro dialético entre a Tradição Catrumana e a Modernidade alienante como teste de sobrevivência da Cultura Popular frente ao mundo globalizado. Práxis Baiangoneira é busca e reconstrução da Identidade Catrumana e de suas trocas simbólicas; é o instrumento mediador das relações lúdico-sociais, culturais, político-institucionais, socioeconômicas e socioambientais, entre os municípios da Região do Marco Trijunção. Será por meio dela que os baianos, goianos e mineiros sentir-se-ão um só povo, o Povo Baiangoneiro.



4º: O Universuçuarão é a cartografia imaginária, microcósmica e epicósmica, do Mundo Catrumano-Baiangoneiro, mediada por leituras de autores como Guimarães Rosa, entre outros, que foram intérpretes do Sertão Imaginado em Fronteiras Móveis. É o conjunto de diferentes representações do território habitado pelo Homo Sapiens Catrumano, dentro de uma perspectiva espacial pós-antropocêntrica, pós-renascentista, pós-vitruviana, pós-etnocêntrica e dialética onde o suposto conflito entre Identidade e Diferença de valores culturais permeia a Cosmovisão Catrumana, não como ameaça à sua existência histórica e étnica, mas como travessia no entrecruzamento de caminhos entre tradição e modernidade, entre o local e o global. O Universuçuarão é a busca de síntese entre os espaços do Sertão Catrumano e as linguagens que os traduzem para o mundo do simbólico. É o processo permanente de ressignificação iconográfica do território do Homem Catrumano. É o intercâmbio literário e imaginário entre a realidade espacial e as variadas formas de representação telúrica do locus comunitário, como mediador da boa convivência cósmico-planetária entre homem e natureza.
O Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma Consciência Baiangoneira propõe e defende para se implantar nos Municípios da Região do Marco Trijunção, um Modelo de Desenvolvimento Territorial Local Integrado Sustentável de Base Comunitária cujos Princípios Identitários e Programáticos Fundadores são os seguintes:
·         Desenvolver, institucionalmente e didaticamente, a Práxis pedagógica da PAIDEIA CATRUMANA disseminando o ideário desse Movimento Nativista junto à população baiano-goiano-mineira que vive na Fronteira Cultural e Socioambiental entre Bahia, Goiás e Minas Gerais, sempre procurando explicitar, construir, difundir, teorizar, conscientizar, autocriticar-se e praticar princípios e ações de integração SUSTENTÁVEL e ancestral entre os Municípios e comunidades do Marco Trijunção, reconstituindo ou reapropriando-se de seu Passado, e remetendo-os às suas Origens Coloniais Barranqueiras por meio das TRADIÇÕES Fundantes do ETHUS CATRUMANO, geralista ou geraizeiro, nos Currais da Bacia do Rio São Francisco por meio da CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA;
 
·         Promover o DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL EM BASE COMUNITÁRIA SUSTENTÁVEL por meio da formação e institucionalização do Território, Microrregião ou Região do Marco Trijunção ou, ainda, outra configuração de representação espacial semelhante, mas com o mesmo objetivo de agrupar e integrar os municípios da Bahia, Goiás e Minas Gerais (BAGOMINAS), situados na tríplice fronteira das Macrorregiões NORDESTE, CENTRO-OESTE e SUDESTE;
 
·         Desenvolver ações comunitárias conjuntas que contribuam para a SUSTENTABILIDADE dos Municípios Baianos, Goianos e Mineiros localizados no MARCO TRIJUNÇÃO e no seu Entorno, integrando-os ao Território Nacional, sobretudo com a região do MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇU, Mesorregião de Águas Emendadas e Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF), e com as áreas de abrangência das Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e do Centro-Oeste (SUDECO), entre outros INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAIS que forem criados e com atuação no Noroeste de Minas, Nordeste Goiano e Oeste da Bahia, por serem territórios que fazem fronteira com a área de abrangência das ações dessa Entidade;
 
·         Fomentar a SUSTENTABILIDADE por meio de princípios holístico-ecumênicos de solidariedade planetária, economia solidária, tecnologias sociais e outros meios de ação impulsionadores do DESENVOLMENTO TERRITORIAL COMUNITÁRIO LOCAL E INTERREGIONAL;
 
·         Dar condições de sobrevivência ao Povo BAIANGONEIRO que permita aos moradores do Marco Trijunção ter acesso a direitos como Saúde, Educação, Cultura, Transporte Coletivo, Emprego, Habitação, entre outros indispensáveis à construção da Cidadania Baiangoneira com implementação de Políticas de Desenvolvimento Urbano que através de planejamento racionalizem o crescimento demográfico da região;
 
·         Viabilizar investimentos em Infraestrutura urbana e rural com obras de saneamento ambiental (Instalação de Equipamentos de Serviços Públicos Diversificados, Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos com usinas de reciclagem e compostagem, Estação de Tratamento de Esgoto, Estação de Tratamento de Água com qualidade, etc), e com obras de pavimentação asfáltica, melhorando a ACESSIBILIDADE VIÁRIA REGIONAL E INTERMUNICIPAL, além da implantação da Eletrificação Rural em toda a região;
 
·         Racionalizar o uso de seus Recursos Naturais (água, solo, vegetação, etc) com atividades econômicas que não comprometam a permanência do(s) bioma(s) do MARCO TRIJUNÇÃO e do AQUÍFERO URUCUIA, investindo, para isto, em Tecnologias Limpas e Sistemas de Cadeias Produtivas Sustentáveis, que gerem renda, emprego e impostos, mas não danificam o Meio Ambiente para as próximas gerações baiangoneiras;
 
·         Modificar as relações entre Estado (Prefeitura e Câmara Municipal) e Sociedade Civil, dando a esta a possibilidade de tomar consciência cívica e crítica coletiva de seus próprios problemas de modo a torná-la cada vez mais organizada em associações representativas e capazes de transformar o Modelo de Gestão Pública dos Municípios, historicamente centralizado e assistencialista, em um Modelo Democrático Descentralizado e Transparente onde o Povo Baiangoneiro tenha participação política ativa nas ações de governo como, por exemplo, na fiscalização do serviço público, na construção do Orçamento Participativo, na organização do ASSOCIATIVISMO e do COOPERATIVISMO, etc;
 
·         Adotar princípios de Convivência Cósmico-planetária, respeitando todas as formas de vida no Universo, e velando sempre pela coexistência com todas elas, transformando a Terra em um grande Ecótono Socioambiental e Cultural, com a valorização do Regionalismo, mas sem etnocentrismo nem visão antropocêntrica.
Assim sendo, o nosso Movimento Nativista PAIDEIA CATRUMANA por uma CONSCIÊNCIA BAIANGONEIRA se propõe a construir novas perspectivas de desenvolvimento local, integrado e sustentável, por meio de uma nova concepção de território interestadual em base comunitária. Mas institucionalizado pelo governo federal e pelos governos estaduais da Bahia, Goiás e Minas Gerais, com apoio e intervenção participativa das autoridades e da Sociedade Civil Organizada dos Municípios da Região do Marco Trijunção, e construída, coletivamente, pelo próprio POVO BAIANGONEIRO.
Formoso-MG, 28 de janeiro de 2013.