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18/07/2010

Homenagens a DONA ESTEVA (1929-2010).

Morte de Mãe

“Eu Sou a Ressurreição e a Vida. Quem exercer Fé sobre Mim, ainda que morra, viverá” (Jesus dialogando com Marta sobre Lázaro, In: 2 João, 11: 25).

Xiko Mendes

Todas as dores passam.
As dores do parto enquanto o filho nasce;
As dores de cabeça quando os problemas se resolvem;
As dores de cotovelo quando a paixão acaba.
Mas há uma dor que é lancinante e definitiva:
A dor de perder uma Mãe.
Qualquer que seja a mãe: branca, negra, rica, pobre,
Boa, ruim...
Essa é a pior das dores do Mundo:
A dor que não dói num lugar específico do corpo.
Essa dor se espalha pelos poros, pela alma...
É uma dor que devora o pensamento,
Toma de conta do sentimento,
Invade o âmago da alma do mais impassível dos viventes.
É uma dor que exala uma saudade que nunca acaba;
É uma dor que aprisiona lembranças em cada detalhe vivido
Como um filme sem começo nem fim,
Como a foto que congela cenários em porta-retratos para sempre.
É uma dor que fixa residência em nosso espírito agonizante
Como a mais fulminante das obsessões humanas.
Qualquer Ser que pensa faz seu Ritual Iniciático
Para entrar no Mundo Humano
Incorporando ao seu vocabulário
A palavra MÃE logo no início da infância.
E durante a vida inteira
A gente se acostuma tanto
A chamar Mãe aqui, Mãe ali, Mãe acolá...
Que não nos damos conta de que um dia
Nos veremos paralisados diante da única Verdade
Imponderável do Universo: a Morte!
A morte de uma Mãe!!!
Ela nos cala!
Ela não apenas nos paralisa:
Ela neutraliza a pronúncia habitual “Mãe!”
Por outra mais aguda e numa agonia inquietante:
Mãããããeeeeee............................!!!!!!!!!!!!!!!!!
Acoooorda, MÃEEEEEE.........
Fala comigo, Mãeeeee...................
MÃE!!! MÃE!!! MÃE!!! (A Morte a levou!).
Depois disso, vêem-nos um SILÊNCIO de doer fundo na Alma!
Gritamos para o Universo inteiro escutar,
Mas aí constatamos que Mãe não é um ser habitual;
É um Ser ÚNICO, eternamente INESQUECÍVEL!
Profundamente sagrado!
Mãe é um Ser mais que sublime:
É uma Dádiva Celestial!
E é por isso que a pior das dores
É a dor de perdê-la em sua dimensão física, PRESENCIAL,
Essencialmente humana.
Por mais que se creia numa outra dimensão de sua Existência,
Perder uma Mãe é perder metade de nós definitivamente.
Mas a Mãe que morre
É a mesma que RENASCE, sempre e eternamente,
Como a mais dolorosa das SAUDADES:
Aquela que nos acompanha em toda a nossa Vida.
Chorando...
Sorrindo...
Com olhos fixos no horizonte
Ou de cabeça baixa e em silêncio.
Morte de Mãe é dor que se multiplica
Com o passar dos anos.
Impiedosamente! Silenciosamente!
E só o Tempo, e apenas o tempo,
Nos devolve à Realidade:
A de que MÃE NÃO SE MORRE;
Mãe se VIVE em tudo que
Fazemos,
Sentimos,
Pensamos,
CONSTRUÍMOS...
E o que nos resta é consolarmos com o Apóstolo Paulo:
Agora, porém, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor, estes três;
Mas o maior destes é o AMOR
”.


DONA ESTEVA – 80 ANOS!

XIKO MENDES**

Ela é meu ser mais importante do Mundo:
Sábia, bondosa e acima de tudo humana.
Tem por todos um amor eterno, profundo!
E age 24 horas como verdadeira “mãezona”.
Vive sempre querendo que o melhor
Aconteça na vida de todos os parentes.
Reage, brava, em defesa de todos nós,
Orgulhando-se de teus descendentes,
Dedicando-se a não deixá-los só.
Reza, reza e pede ao Deus potente,
Invocando-O como o nosso protetor,
Guardião do futuro de nossa gente.
Uma mulher guerreira, ousada!
Ela nunca se deixou vencer!
Sozinha foi criada;
Destino: SONHAR, LUTAR, VIVER!
Essa tem sido a sua grande missão:
Se colocar a serviço da família!
Olhar o próximo como um irmão!
Utilizar o tempo para dignificar a vida!
Ziguizaguear entre os caminhos do coração
Amando a mim, a vocês e ao seu esposo: JOÃO!!!

(**) Homenagem à minha mãe, Esteva. Sábado, 5/9/09.



Despedida Triunfal a uma Mãe Heroína!

(Homenagem à D. ESTEVA Rodrigues de Souza, 5/9/1929 – 3ª feira, 6/7/2010, 3:30).

Escritor Xiko Mendes (Penúltimo Filho de Dona Esteva).


Quando ela nasceu,
O céu estava claro
E as estrelas brilhavam.
Não se sabe a que horas,
Mas os anjos se reuniram
E disseram: nasceu uma GUERREIRA!
Ela não terá pai para criá-la, pois
Ele morrerá antes dos quatro anos dela.
Não terás mãe por muito tempo, pois
Morrerá antes de ela completar 20 anos.
Mas não será uma pessoa solitária,
Ou covarde diante da vida.
Ela será ousada, sonhadora, convicta
Daquilo em que vir a acreditar.
Será uma MULHER DE FÉ,
Profundamente religiosa,
Crítica, independente, polêmica...
Pois tudo que vir a pensar será dito
Ainda que isso doa na alma das pessoas.
Dar opinião e não ter medo de externá-las
Em qualquer lugar e para quem que seja
Será a marca maior de sua personalidade.
Será uma mulher firme sempre, mas
Muito meiga, sentimental, amorosa com todos;
Saberá sempre perdoar as pessoas
Logo depois de um conflito de opinião.
Assim sendo, ela cresceu, casou-se,
E viveu com o único homem de sua vida
Por quase sessenta anos.
Teve dez filhos, um punhado de netos,
Mais alguns bisnetos.
Ao longo da vida nunca se conformou
Em ser analfabeta.
Estudou, com apoio marital, todos os filhos.
Uns se formaram, outros aprenderam
O mínimo necessário para viver.
Ela era e será sempre nossa heroína.
E ela se orgulhava disso: de ter
Criado a filharada sozinha e na roça,
Sendo esposa de vaqueiro tão forte e
Herói anônimo e honesto do jeito dela.
Para nós, ela nunca fora analfabeta!
Ela não dominava a escrita, é verdade,
Mas escrevia sonhos em céus estrelados;
Não verbalizava a leitura, é verdade,
Mas lia com perspicácia e sensibilidade,
Interpretando no rosto de cada ser humano
O Grande Livro da Vida:
Esse livro que não é feito de papel,
Mas de experiências acumuladas,
De vivências compartilhadas e
Ideais diariamente perseguidos
Para ela e para o bem de todos ao seu redor.
Esse livro sem palavras
Tem como símbolo a vida em meio aos
Conflitos da Existência.
Ela era uma “leitora” atenta do Livro da Vida:
Sabia aconselhar;
Sabia ser prudente;
Sabia amar com o mais nobre e puro dos sentimentos
Humanos: o de ser mãe 24 horas! Sempre!!!
Morreu com quase 81 anos.
Mas nunca deixou de sonhar.
Nunca deixou de acreditar que viveria
O tempo suficiente para cumprir sua
Missão como mulher, como esposa,
Como mãe, como avó e como amiga
Fiel, sincera, verdadeira!
E todas as suas missões foram cumpridas!
Essa mulher, que tornou-se adulta sem pai e sem mãe,
Foi, para nós, a mais importante de todas as mulheres.
De tudo o que ela representa para nós,
Restaram cinco coisas como lições eternas de vida.

São frases das quais nunca esqueceremos:
1ª – Sonhem meus filhos, sonhem!
2ª – Deus não desampara ninguém! Acreditem em vocês!!
3ª – Não pague o Mal com o Mal porque Deus sabe a hora de dar respostas.
4ª – Nunca carregue mágoas; perdoe as pessoas sempre.
5ª – Não chorem no meu enterro, não chorem, pois DEUS sabe a hora de me levar.

DESCANSE EM PAZ, MAMÃE!!! Descanse!!
Que Deus e aqueles anjos – que anunciaram seu nascimento –
Se juntem como Mensageiros da Harmonia e do conforto espiritual
No Céu e na Terra,
Na Alegria e na Tristeza,
Na Saúde e na Doença...
DESCANSE, MAMÃE!!! Descanse!!
– “Deus não desampara ninguém”: a Senhora sempre dizia isso.
E Ele, Deus, está conosco e sempre estará com você, mamãe!
Tchau, MAMÃE!!!
Um dia nos reencontraremos
Para lermos juntos o GRANDE LIVRO DA VIDA
Do qual você, mamãe, inscreveu-se como
Uma das AUTORAS, sempre escrevendo com a pena da
Esperança e do Amor sem pedir nada em troca.
TCHAU, MAMÃE!!! Não diremos ADEUS!!!
NÃO!!! NÃO DIREMOS!!!!

Planaltina – DF, terça-feira, Seis de julho de 2010, às 7:38:20.

OBS.: Esse texto foi lido durante Cerimônia de Honras Fúnebres no velório de minha mãe Esteva, em Brasília (na tarde de terça-feira, 6/7/10, 14:30) e em Formoso (na manhã de quarta-feira, 7/7/10, 8:30).


E p i t á f i o para Minha Mãe

Eu
Sou
Tua
Estrela!
Viva e
Ame!!!


Planaltina – DF, Terça-feira, 6 de julho de 2010.

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