Manifesto BAIANGONEIRO
Xiko Mendes
Eu sou de Minas, de Goiás e
da Bahia.
Sou de Cocos, Damianópolis e
Mambaí.
Sou de Arinos, Formoso e
Sítio d’Abadia;
Eu sou de Chapada Gaúcha e
Jaborandi.
Tenho o instinto baiano,
goiano e mineiro.
Sou da fronteira de três
grandes estados.
Eu sou filho do Território
Baiangoneiro
E quero esses municípios
todos integrados.
Carrego dentro de mim a alma
nordestina
E o sangue tropical do nosso
Centro-Oeste.
A identidade é baiangoneira,
de Bagominas.
E quero o progresso dessa
gente do Sudeste.
Sou homo sapiens brasílico-barranqueiro
E lutarei sempre para que
haja integração
Entre as cidades desse Povo
Baiangoneiro
Que vive nas fronteiras do
Marco Trijunção.
OBS.: Esse texto faz parte do novo livro do escritor XIKO MENDES, que será lançado em 2013.
PREFÁCIO ao livro PATRIARCAS BÍBLICOS, do genealogista JOÃO ROCHA
Prof. Xiko Mendes
(Historiador, membro da Academia de Letras do Noroeste de Minas,
em Paracatu, e da Associação Nacional de
Escritores, ANE, em Brasília).
“Eu sou Jeová, teu Deus, que te fiz sair da
terra do Egito (...). Não deves ter quaisquer outros deuses em oposição a Mim.
Não deves fazer para ti imagem esculpida. (...). Não te deves curvar diante
delas nem ser induzido a servi-las porque eu, Jeová, teu Deus, sou
um Deus que exige devoção exclusiva...” (Ex.,
20:1-5).
Foram com essas palavras que Deus não apenas firmou em definitivo seu
pacto espiritual com os Hebreus (na viagem de retorno para a atual Palestina),
mas fez com que o culto monotéico se tornasse o elemento definidor da
humanidade para outras crenças como o Cristianismo e o Islamismo.
Numa
época em que a humanidade ainda era dominada pela mitologia antropomórfica, os
hebreus transformaram conceitos como monoteísmo, família e religião na base axiológica
de sua identidade e historicidade ao longo de vários milênios até o nosso
tempo. Esses conceitos moldaram o éthos hebraico
junto ao qual acrescentou-se o Sionismo, a partir dos anos 1890, como concepção
política e étnica norteadora da criação do Estado de Israel em 14 de maio de
1948, que antes tinha sido aprovada em sessão da ONU presidida pelo diplomata
brasileiro Osvaldo Aranha.
Pois
bem, invocamos aqui esse assunto para tratar do lançamento de mais um volume da
coleção de História Bíblica do
eminente historiador linhagista João Rocha. Descendente da tradicionalíssima
família Carneiro que tantos serviços já prestou a Formoso, no Noroeste de
Minas, esse autor vem notabilizando-se por relevantes contribuições à
historiografia genealógica. Em 1995, quarenta anos após sair de sua terra
natal, editou um brilhante ensaio sobre sua família, livro no qual nomeia e
biografa ilustres varões de Plutarco daquele município.
Mais
recentemente, editou a obra “As Filhas de
Eva” dando amplo destaque à importância dos seres femininos dentro da
Bíblia, livro esse que veio suprir uma grande lacuna entre os especialistas
nesse tema. Para os cristãos acostumados com o reino de Maria no panteão
hagiográfico do Ocidente, Rocha conseguiu dissertar sobre mais de 150 mulheres
que aparecem nos textos bíblicos, mostrando-nos aspectos peculiares, tristes ou
surpreendentes como, por exemplo, o fato de Débora ter sido a única mulher que
se tornou governante entre os hebreus na Época dos Juízes.
Tive
a honra de ler os originais desse “Os Patriarcas Bíblicos”
onde João Rocha retoma os princípios basilares de sua meticulosa pesquisa
genealógica, fruto de anos de acurado trabalho heurístico, para pontuar
belíssimos comentários sobre os Grandes
Fundadores da Civilização Hebraica que junto com os Gregos e
Romanos, constitui a matriz formadora do homem ocidental moderno. A cosmologia
judaica e sua mística messiânica é um assunto que sempre me seduziu desde
criança. Daí a sensação prazerosa de ler esse novo livro que se inicia
tratando, coincidentemente, de apresentar a origem do mundo e do homem segundo a
ótica do Judaísmo; essa religião que nos seduz com sua Torá, com o Talmude, a
Kabala, o Tabernáculo, a Arca da Aliança, a Páscoa, o Pentecostes e outros
rituais que despertam a curiosidade esotérica desse Mundo Moderno que tanto se
esforça para que a Ciência expulse do nosso imaginário essa tradição metafísica
que norteia nossa ancestralidade. João Rocha – um amante de nossos ancestrais –
não esquece nenhum detalhe importante e se ocupa de descrever com esmero e
paixão todos os patriarcas hebreus. Homens veneráveis como Adão, Abel, Noé,
Sem, Jafé, Cam, Jó, Matuzalém, Abraão, Isaque, Jacó, Ismael, Esaú... aparecem
em páginas indeléveis como figuras proeminentes da história bíblica.
Aqui
abro um parêntese: a organização social da humanidade, desde seus primórdios,
(acredito que em qualquer parte do mundo), está vinculada ao regime patriarcal.
Ser patriarca era muito mais do que simplesmente ter uma descendência numerosa
(muitos filhos, netos, bisnetos) como hoje queiram entender. Os Patriarcas, na Antiguidade, exerciam
tanto as funções de sacerdotes, juizes e chefes militares quanto a autoridade
política e moral da população. Dentro da comunidade, esse cargo era revestido
de um simbolismo político-institucional sustentado pela ética tribal e por uma
profunda religiosidade de cunho teocrático. A figura sagrada do faraó entre os
egípcios e a do patesi entre os povos mesopotâmicos são exemplos típicos. O
Patriarcalismo influenciou, decisivamente, a história de todos os povos desde
nossa origem até hoje. Infelizmente, em nosso tempo, o idoso muitas vezes é
sucumbido à humilhação e ao abandono pela própria família esquecendo-se do
valor moral que o peso da idade e da biografia impõem sobre os ombros de nossos
patriarcas.
Ao
lermos “Os Patriarcas Bíblicos”, nós
somos impulsivamente levados a refletir de forma autocrítica sobre o papel
social do Patriarcado não apenas nas Escrituras Sagradas – como bem faz João
Rocha, mas nas relações sociais da atualidade. Com um texto agradável e
minucioso, o autor nos deixa surpresos com as histórias recontadas de forma
leve sobre personagens sedutores como Adão, Caim, Jó, Jacó, Judá, José e o
maior deles, Abraão.
A
Civilização Hebraica com seus mistérios e sua sabedoria rabínica é sempre fonte
de inspiração para bons autores como João Rocha. Os Hebreus são um dos povos
cuja gestação histórica se deu no centro do mundo – a Mesopotâmia (atual
Iraque) onde o deus Jeová situa a origem de toda a Humanidade. Foi lá que
viveram os Sumérios, os Acádios, os Amoritas, os Assírios, os Caldeus... Foi lá
onde surgiram ou se aperfeiçoaram a escrita Cuneiforme, o Código Hamurabi, a
Astronomia, o Horóscopo, a Epopéia de Gilgamés, a Bíblia... E foi de lá, dessa
Velha Mesopotâmia, mais precisamente da antiguíssima cidade caldeia de Ur, que
há quatro milênios antes de nós partiu o Grande Patriarca Abraão para firmar a eterna aliança
monoteísta entre Deus e o Homem em busca de sua Canaã, a Terra Prometida.
Sempre
que (re)leio a Bíblia, surpreendo-me com esse trecho do Livro dos Juízes: “Naqueles dias não havia rei em Israel. Cada
um costumava fazer o que era direito aos seus próprios olhos” (Jz, 21:25). O narrador
biblista remete-nos ao século XI a.C, ao tempo em que os últimos juízes,
substitutos dos Patriarcas, se corromperam. E isso serviu de motivo para a
centralização do Poder por meio da Monarquia ao tempo em que viveram Saul,
Davi, Salomão... Essa é uma prova de quão foram importantes os Patriarcas aqui
descritos tão brilhantemente pelo genealogista João Rocha.
A
Era dos Patriarcas Hebreus, que alcançou
seu apogeu no segundo milênio antes de Cristo, reporta-nos ao tempo que termina
com o exílio no Egito sob domínio dos Hicsos. Depois do Êxodo, os hebreus
passaram pela conturbada Era dos Juizes,
período em que tiveram que combater cananeus e filisteus na reconquista da
atual Palestina. Veio a Era dos Reis,
momento luminoso que acabou em 935 a.C quando morreu Salomão. Daí em diante até
o século XX, os Hebreus ou JUDEUS – como chamamos hoje – viram a destruição do
Reino de Israel, pelos Assírios, em 721 a.C, o Cativeiro Babilônico do Reino de
Judá, pelo Império Caldeu e, sucessivamente, a dominação greco-macedônica,
romana, árabe, otomana, britânica...
Esse
livro Os Patriarcas Bíblicos é
primoroso, sobretudo, porque trata de abordar os heróicos momentos fundadores
da história hebraica. Por isso, trata-se de obra fundamental na compreensão dos
pilares básicos que fundamentaram a construção de valores caros ao Homem atual
como a importância da Família e da Religião Monoteísta enquanto instrumentos
balizadores do estado moderno do qual se exige que seja democrático e tolerante
com as diferenças e convicções. Por essas e outras razões, a leitura desse novo
livro de João Rocha torna-se indispensável para a reinterpretação crítica do
mundo em que vivemos dando-nos um salto cronológico gigantesco para voltarmos
ao Passado e refletirmos sobre o Presente. Você, leitor(a), não pode deixar de
ler Os Patriarcas Bíblicos!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, assine seus comentários para que possamos respondê-los. Excluiremos todos os comentários ANÔNIMOS.