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01/12/2012

BAIANGONEIRO


Manifesto BAIANGONEIRO

Xiko Mendes

Eu sou de Minas, de Goiás e da Bahia.
Sou de Cocos, Damianópolis e Mambaí.
Sou de Arinos, Formoso e Sítio d’Abadia;
Eu sou de Chapada Gaúcha e Jaborandi.

Tenho o instinto baiano, goiano e mineiro.
Sou da fronteira de três grandes estados.
Eu sou filho do Território Baiangoneiro
E quero esses municípios todos integrados.

Carrego dentro de mim a alma nordestina
E o sangue tropical do nosso Centro-Oeste.
A identidade é baiangoneira, de Bagominas.
E quero o progresso dessa gente do Sudeste.

Sou homo sapiens brasílico-barranqueiro
E lutarei sempre para que haja integração
Entre as cidades desse Povo Baiangoneiro
Que vive nas fronteiras do Marco Trijunção.

OBS.: Esse texto faz parte do novo livro do escritor XIKO MENDES, que será lançado em 2013.



PREFÁCIO ao livro PATRIARCAS BÍBLICOS, do genealogista JOÃO ROCHA

Prof. Xiko Mendes
(Historiador, membro da Academia de Letras do Noroeste de Minas, em Paracatu, e da Associação Nacional de Escritores, ANE, em Brasília).


Eu sou Jeová, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito (...). Não deves ter quaisquer outros deuses em oposição a Mim. Não deves fazer para ti imagem esculpida. (...). Não te deves curvar diante delas nem ser induzido a servi-las porque eu, Jeová, teu Deus, sou um Deus que exige devoção exclusiva...” (Ex., 20:1-5). 

Foram com essas palavras que Deus não apenas firmou em definitivo seu pacto espiritual com os Hebreus (na viagem de retorno para a atual Palestina), mas fez com que o culto monotéico se tornasse o elemento definidor da humanidade para outras crenças como o Cristianismo e o Islamismo.
Numa época em que a humanidade ainda era dominada pela mitologia antropomórfica, os hebreus transformaram conceitos como monoteísmo, família e religião na base axiológica de sua identidade e historicidade ao longo de vários milênios até o nosso tempo. Esses conceitos moldaram o éthos hebraico junto ao qual acrescentou-se o Sionismo, a partir dos anos 1890, como concepção política e étnica norteadora da criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948, que antes tinha sido aprovada em sessão da ONU presidida pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha.
Pois bem, invocamos aqui esse assunto para tratar do lançamento de mais um volume da coleção de História Bíblica do eminente historiador linhagista João Rocha. Descendente da tradicionalíssima família Carneiro que tantos serviços já prestou a Formoso, no Noroeste de Minas, esse autor vem notabilizando-se por relevantes contribuições à historiografia genealógica. Em 1995, quarenta anos após sair de sua terra natal, editou um brilhante ensaio sobre sua família, livro no qual nomeia e biografa ilustres varões de Plutarco daquele município.
Mais recentemente, editou a obra “As Filhas de Eva” dando amplo destaque à importância dos seres femininos dentro da Bíblia, livro esse que veio suprir uma grande lacuna entre os especialistas nesse tema. Para os cristãos acostumados com o reino de Maria no panteão hagiográfico do Ocidente, Rocha conseguiu dissertar sobre mais de 150 mulheres que aparecem nos textos bíblicos, mostrando-nos aspectos peculiares, tristes ou surpreendentes como, por exemplo, o fato de Débora ter sido a única mulher que se tornou governante entre os hebreus na Época dos Juízes.
Tive a honra de ler os originais desse “Os Patriarcas Bíblicos” onde João Rocha retoma os princípios basilares de sua meticulosa pesquisa genealógica, fruto de anos de acurado trabalho heurístico, para pontuar belíssimos comentários sobre os Grandes Fundadores da Civilização Hebraica que junto com os Gregos e Romanos, constitui a matriz formadora do homem ocidental moderno. A cosmologia judaica e sua mística messiânica é um assunto que sempre me seduziu desde criança. Daí a sensação prazerosa de ler esse novo livro que se inicia tratando, coincidentemente, de apresentar a origem do mundo e do homem segundo a ótica do Judaísmo; essa religião que nos seduz com sua Torá, com o Talmude, a Kabala, o Tabernáculo, a Arca da Aliança, a Páscoa, o Pentecostes e outros rituais que despertam a curiosidade esotérica desse Mundo Moderno que tanto se esforça para que a Ciência expulse do nosso imaginário essa tradição metafísica que norteia nossa ancestralidade. João Rocha – um amante de nossos ancestrais – não esquece nenhum detalhe importante e se ocupa de descrever com esmero e paixão todos os patriarcas hebreus. Homens veneráveis como Adão, Abel, Noé, Sem, Jafé, Cam, Jó, Matuzalém, Abraão, Isaque, Jacó, Ismael, Esaú... aparecem em páginas indeléveis como figuras proeminentes da história bíblica.
Aqui abro um parêntese: a organização social da humanidade, desde seus primórdios, (acredito que em qualquer parte do mundo), está vinculada ao regime patriarcal. Ser patriarca era muito mais do que simplesmente ter uma descendência numerosa (muitos filhos, netos, bisnetos) como hoje queiram entender. Os Patriarcas, na Antiguidade, exerciam tanto as funções de sacerdotes, juizes e chefes militares quanto a autoridade política e moral da população. Dentro da comunidade, esse cargo era revestido de um simbolismo político-institucional sustentado pela ética tribal e por uma profunda religiosidade de cunho teocrático. A figura sagrada do faraó entre os egípcios e a do patesi entre os povos mesopotâmicos são exemplos típicos. O Patriarcalismo influenciou, decisivamente, a história de todos os povos desde nossa origem até hoje. Infelizmente, em nosso tempo, o idoso muitas vezes é sucumbido à humilhação e ao abandono pela própria família esquecendo-se do valor moral que o peso da idade e da biografia impõem sobre os ombros de nossos patriarcas.
Ao lermos “Os Patriarcas Bíblicos”, nós somos impulsivamente levados a refletir de forma autocrítica sobre o papel social do Patriarcado não apenas nas Escrituras Sagradas – como bem faz João Rocha, mas nas relações sociais da atualidade. Com um texto agradável e minucioso, o autor nos deixa surpresos com as histórias recontadas de forma leve sobre personagens sedutores como Adão, Caim, Jó, Jacó, Judá, José e o maior deles, Abraão.
A Civilização Hebraica com seus mistérios e sua sabedoria rabínica é sempre fonte de inspiração para bons autores como João Rocha. Os Hebreus são um dos povos cuja gestação histórica se deu no centro do mundo – a Mesopotâmia (atual Iraque) onde o deus Jeová situa a origem de toda a Humanidade. Foi lá que viveram os Sumérios, os Acádios, os Amoritas, os Assírios, os Caldeus... Foi lá onde surgiram ou se aperfeiçoaram a escrita Cuneiforme, o Código Hamurabi, a Astronomia, o Horóscopo, a Epopéia de Gilgamés, a Bíblia... E foi de lá, dessa Velha Mesopotâmia, mais precisamente da antiguíssima cidade caldeia de Ur, que há quatro milênios antes de nós partiu o Grande Patriarca Abraão para firmar a eterna aliança monoteísta entre Deus e o Homem em busca de sua Canaã, a Terra Prometida.
Sempre que (re)leio a Bíblia, surpreendo-me com esse trecho do Livro dos Juízes: “Naqueles dias não havia rei em Israel. Cada um costumava fazer o que era direito aos seus próprios olhos” (Jz, 21:25). O narrador biblista remete-nos ao século XI a.C, ao tempo em que os últimos juízes, substitutos dos Patriarcas, se corromperam. E isso serviu de motivo para a centralização do Poder por meio da Monarquia ao tempo em que viveram Saul, Davi, Salomão... Essa é uma prova de quão foram importantes os Patriarcas aqui descritos tão brilhantemente pelo genealogista João Rocha.
A Era dos Patriarcas Hebreus, que alcançou seu apogeu no segundo milênio antes de Cristo, reporta-nos ao tempo que termina com o exílio no Egito sob domínio dos Hicsos. Depois do Êxodo, os hebreus passaram pela conturbada Era dos Juizes, período em que tiveram que combater cananeus e filisteus na reconquista da atual Palestina. Veio a Era dos Reis, momento luminoso que acabou em 935 a.C quando morreu Salomão. Daí em diante até o século XX, os Hebreus ou JUDEUS – como chamamos hoje – viram a destruição do Reino de Israel, pelos Assírios, em 721 a.C, o Cativeiro Babilônico do Reino de Judá, pelo Império Caldeu e, sucessivamente, a dominação greco-macedônica, romana, árabe, otomana, britânica...
Esse livro Os Patriarcas Bíblicos é primoroso, sobretudo, porque trata de abordar os heróicos momentos fundadores da história hebraica. Por isso, trata-se de obra fundamental na compreensão dos pilares básicos que fundamentaram a construção de valores caros ao Homem atual como a importância da Família e da Religião Monoteísta enquanto instrumentos balizadores do estado moderno do qual se exige que seja democrático e tolerante com as diferenças e convicções. Por essas e outras razões, a leitura desse novo livro de João Rocha torna-se indispensável para a reinterpretação crítica do mundo em que vivemos dando-nos um salto cronológico gigantesco para voltarmos ao Passado e refletirmos sobre o Presente. Você, leitor(a), não pode deixar de ler Os Patriarcas Bíblicos!!!

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