FRANCISCO JULIÃO, ao ser perseguido pela Ditadura Militar, fugiu pro Marco Trijunção (divisa entre Formoso, Sítio da Abadia e Cocos)

Perseguido da Ditadura Militar veio parar em Formoso

Leia abaixo precioso depoimento dado pelo Líder das Ligas Camponesas que, no dia 31 de março de 1964 - quando foi iniciado o Golpe Militar que derrubou o Presidente João Goulart, fugiu de Brasília. Francisco Julião veio parar na Trijunção, região fronteiriça entre Formoso-MG, Cocos-BA e Sítio da Abadia-GO. Aqui em nossa região, ele tinha contatos com a célula da Liga Camponesa goiana que dava suporte aos trabalhadores rurais e operários que fundaram Alvorada do Norte-Go segundo nosso amigo advogado e historiador Dr. Aderbal José de Sousa. Confira texto abaixo:

*“Dois dias depois, um mensageiro me levou a notícia. Um camponês de Goiás, Anísio, rijo como os troncos que eu trabalhava todos os dias, de machado em punho, reduzindo a achas para o fogo. Foi ao cair da tarde, de uma imensa tarde como as de Brasília, que custam a morrer. Findara a faina na casinha, que eu construía para ti à beira do Bauzinho, um riacho que corre no deserto onde busquei exílio, e vai se juntar três quilômetros abaixo com dois outros do mesmo tamanho (...). Ali, onde Minas, Bahia e Goiás se encontram e se separam fui esperar-te, sabendo que tu eras a vida que se renova, o canto que não acaba, o pássaro que alça vôo, a esperança que retorna”. IN: JULIÃO, Francisco. ATÉ QUARTA, ISABELA! – carta escrita do cárcere, Rj, Editora Civilização Brasileira, S/d, p. 21.

*(Este é um precioso trecho de um brevíssimo livro escrito pelo Dr. Francisco Julião, criador das Ligas Camponesas, defensor dos trabalhadores rurais nos anos 1950/60, que teve seus direitos políticos cassados pela Ditadura Militar em 1964 e se refugiou na trijunção entre Formoso, Cocos e Sítio d’Abadia, de onde sairia do Brasil para um doloroso exílio).