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26/11/2012

BAIANGONEIRO, BAGOMINAS e MARCO TRIJUNÇÃO.

O Território Baiangoneiro ou BAGOMINAS: que lugar é esse?

                                                                  XIKO MENDES

Aqui Bahia, Goiás e Minas se encontram para revelar aos turistas as deslumbrantes paisagens geralistas dos Municípios do MARCO TRIJUNÇÃO

 “O SERTÃO aceita todos os nomes:             AQUI É O GERAIS, lá é o Chapadão, lá acolá é a Caatinga (...). O SERTÃO é confusão em grande demasiado SOSSEGO”. ROSA, Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 432, 400.

Chamamos de BAGOMINAS ou Marco Trijunção a região da tríplice fronteira entre os Estados da Bahia (Região Nordeste), Goiás (Região Centro-oeste) e Minas Gerais (Região Sudeste). Do ponto de visto físicoambiental, trata-se de uma zona de ecótono, isto é, nela se encontram dois grandes biomas sul-americanos: o Cerrado ao sul e oeste da trijunção; e a Caatinga ao norte e leste. Segundo a nossa concepção geográfica e geoeconômica, oito municípios fazem parte do território do MARCO TRIJUNÇÃO – como é conhecido, ou BAGOMINAS (como nós preferimos).

Na Bahia, pertencem ao Marco Trijunção os municípios de Cocos e Jaborandi. Em Goiás, os municípios de Sítio da Abadia, Damianópolis e Mambaí. Em Minas Gerais, os municípios de Arinos, Chapada Gaúcha e Formoso. Usamos três critérios de regionalização e enquadramento: 1) – a identidade cultural comum às populações dessa região; 2) – os aspectos geoeconômicos do desenvolvimento regional; 3) – o tipo de meio ambiente predominante (os Gerais) assim como as nascentes dos rios e ribeirões, que ficam próximas ao marco geodésico que serve de divisa interestadual. Neste livro aparecem apenas quatro desses municípios por razoes contratuais com o patrocinador, ou seja, os municípios que possuem partes de seus territórios dentro do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

O território baiangoneiro, fronteira geográfica e étnico-cultural entre baianos, goianos e mineiros, é uma trijunção não apenas pelo aspecto geopolítico (por ser a junção de três grandes regiões do Brasil), mas porque dentro dela há o encontro de nascentes importantíssimas que deslocam para as bacias hidrográficas dos rios Urucuia e Carinhanha (Vale do São Francisco) e Paranã (Vale do Tocantins-Araguaia).

O território da região do Marco Trijunção ou BAGOMINAS antes era conhecido como GERAIS até a década de 1990. Área de colonização portuguesa a partir de 1659, diversas famílias de morgados latifundiários baiano-pernambucanos como a Casa da Torre (família de Garcia d’Ávila), goianos como a Casa de Grijó (família Cerqueira Brandão) ou mineiros como a família Cardoso do Urucuia e Norte de Minas aí se tornaram donas usufrutuárias de terras que usaram para a criação de gado em campo aberto. Com um meio ambiente que alterna amplas veredas e chapadões com vastas pastagens naturais, a PECUÁRIA tornou-se a atividade econômica predominante até meados dos anos 1970. Hoje impera o agronegócio da soja.

Entre o fim dessa década e ao longo dos anos 1980, a região (na parte baiana) foi alvo de projetos de REFLORESTAMENTO com pinho e eucalipto financiados pelo extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). O resultado foi a derrubada de vegetação nativa com destruição de nascentes e assoreamento provocando sérios impactos ambientais ao bioma da Região que é, em grande parte, composto de solo arenoso. Soma-se ao desmatamento com plantio de árvores exóticas, a implantação de projetos de colonização agrícola (AGRONEGÓCIO) e as CARVOARIAS cujas conseqüências já se tornam catastróficas em todo o Marco Trijunção. Apesar dessa vulnerabilidade ambiental que continua existindo por causa de lavouras feitas sem obedecer aos princípios do Desenvolvimento Sustentável, essa região ainda conserva belíssimas paisagens naturais para você curtir no próximo roteiro de viagem pelo Brasil Central.

OBS.: Esse texto faz parte do capítulo um do próximo livro do historiador XIKO MENDES, que será lançado no ínício de 2013.

ONG UNIFAM

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