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01/02/2012

XIKO MENDES (poesia)

Chácara Barreiro


                                   Xiko Mendes


Eis-me aqui um velho auto-retrato
Pregado na Parede da Imaginação:
É como se fosse uma peça de teatro
Recapitulando cenas de representação
De um tempo que ora narro em meu relato.
É um tempo inesquecível e deslumbrante;
Foi uma época em que vivi a minha infância
Em meio à natureza de um cerrado fascinante,
Vivendo bem longe desse mundo de ganância.
Era o tempo em que todos fomos felizes:
Eu, com minha família, e cheio de esperança,
Vendo o passado pelo retrovisor sem cicatrizes.
Ali vivíamos todos juntos e irmanados
Sem vivenciar momentos de crises.
Num sítio verdejante, com pomar e muitas crianças,
Eu vivia em permanente confraternização idílica.
Mas hoje apenas guardo na memória as lembranças
Desse lindo tempo em que me juntava aos meninos
E perdia-me no meio dos chapadões formosos,
Misturando-me aos animais, pescando, caçando passarinhos...
Ah! Como eram bons aqueles tempos bucólicos
Quando não me preocupava com dinheiro nem emprego
Nem com os acontecimentos trágicos ou insólitos!
Ah! Como era tão feliz e não sabia (!)
Que a vida aqui fora, longe desse espaço microcósmico,
É tão nostálgica quanto insípida e vazia.
Mas a vida é assim: uma peça de teatro
Onde a representação do último ato
Faz a gente reencontrar o valor simbólico
De viver e encerrar a Existência num velho Porta-retratos,
Fixado na Parede da Saudade.





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