Vôo Nupcial
“... CIÚME é mais custoso de se sopitar do
que o AMOR. Coração da gente – o escuro, escuros”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 26.
Xiko Mendes
Dizer que te admiro é muito pouco;
Dizer que gosto de Você é, ainda,
Um pouco menos.
Dizer que Você me seduz com
Palavras dóceis, com
A linguagem muda dos teus lábios,
Com olhares ingênuos,
Com poemas românticos feitos de
Lágrimas e salivas do teu sorriso
É, simplesmente, dizer o óbvio.
Pois Você, com sua humildade fascinante,
Com sua sinceridade discreta,
Já provou para mim que é uma pessoa
Maravilhosa!
Única!
Inesquecível!
VOCÊ “raptou” minha voz
E, distante do meu silêncio,
Se ainda tivesse palavras,
Apenas diria: TE AMO!
Saudação em um Baile de Debutante
“(...) Diadorim é a minha
neblina....”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 16.
Xiko Mendes
Saudar VOCÊ é saudar a Vida...!
Superar o Sonho, conquistar o Mundo!
É ao mesmo tempo um sonhar profundo
Na sua eterna busca por uma saída....
Saudar VOCÊ é apontar a entrada
Desta Nova Mulher que surge ativa.
Saudar VOCÊ é celebrar a Vida...
Pós-adolescente que quer ser amada.
Saudar VOCÊ é pensar diferente
E que agora acabará a inocência.
Saudar VOCÊ é ter a consciência
De que serás mulher independente.
Saudar VOCÊ com o Amor e a Verdade
É fixar na memória tuas lembranças.
Saudar VOCÊ é semear tua esperança
De Ninfeta que buscará a Felicidade.
Saudar VOCÊ neste dia em que vive
O grande prazer que é ser DEBUTANTE,
É desejar-lhe que se abram os horizontes
E que sejas Mulher eternamente LIVRE!
CONTATOS CONFIDENCIAIS
“Quando a gente dorme, vira de tudo: vira pedra,
vira flor (...)”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 251.
Xiko Mendes
Desde os nossos primeiros CONTATOS,
Que tive estranhas sensações.
Na primeira vez que te vi,
Passei a contemplar a beleza
Dos teus olhos.
Senti que havia algo em comum
ENTRE NÓS!
(Sou discreto e sóbrio:
Não bebo, não fumo, não jogo...).
Na segunda vez que te vi,
VOCÊ confessou-me que age da mesma
Forma. Mas VOCÊ é inocente! E eu?
Fui consultar o Gênesis. Lá percebi
Que as nossas almas eram gêmeas,
E moviam sob a face das águas. (Do Édem?).
Na terceira vez que te vi,
Fiquei sabendo que gostamos das
Mesmas coisas.
Gosto de ler. Amor Literatura e Filosofia!
Quero ser MENSAGEIRO DE UM MUNDO LIVRE!
Sou pacifista e tenho horror pelas
Bombas de Hiroshima e Nagasaki!
Detesto as badalações do Mundo!
ADORO O SILÊNCIO e o canto mavioso
Dos pássaros!
Detenho o impulso dos instintos!
Sei que as tentações humanas
Traem a inocência dos homens
E corrompem a consciência do Mundo.
Na quarta vez que te vi,
Fui traído pelos seus olhares
Sedutores!
Senti que acabava de cometer
O meu primeiro pecado desde
Aquele primeiro CONTATO inofensivo.
A sensibilidade, que é motor das
Nossas emoções, levou-me a imaginar
Cenários românticos!
Imaginei estar contigo mais próximo do Paraíso!
Sonhei na noite daquele dia
Estar reconstruindo a utopia
De um novo paraíso selvagem onde
Pudéssemos vivenciar a pureza de
Nossas atitudes sem o peso do pecado;
Sem os estranhos e terríveis
Sentimentos de culpa.
Mas quando acordei percebi
Que VOCÊ estava distante dos meus olhos
E cada vez mais próxima do meu coração!
Na próxima vez que te ver
Quero contemplar o teu corpo!
Quero dispensar o telefone,
E conversar sobre as nossas afinidades.
Discutir e compreender as nossas
Diferenças!
Quero refletir com VOCÊ sobre os
Nossos medos, os nossos temores, as
Nossas angústias e ansiedades;
Sobre os nossos DESEJOS e sobre
Os limites a nós impostos pela
Timidez, e as
Circunstâncias humanas!
Quero revelar-lhe os meus sentimentos
Sinceros, agradáveis e inconfessáveis!
Quero contar-lhe quem sou!
Quero saber quem tu és!
Quero contemplar com VOCÊ as nossas
DÚVIDAS e CERTEZAS.
Quero trocar confidências e refletir
Sobre a Vida, o Amor, VOCÊ e Eu!
Mas quando vai ser
O nosso próximo CONTATO?
Amanhã! Antes que alguém
Conheça os nossos SEGREDOS!
E deturpem os nossos SENTIMENTOS.
Perguntas para quem ama em Noite de Núpcias
“Todo AMOR não é uma espécie de
comparação? (...)”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 134.
Xiko Mendes
O que é o AMOR?
Palavra simples e polissêmica.
Manto de contradições.
Será como a pessoa que se torna cega
E só vê a utilidade dos olhos
Depois que perde a visão?
Será como o destruidor de florestas
Que só percebe a necessidade do oxigênio
Depois que corta todas as árvores?
Será como um animal do deserto
Que só sente a falta da chuva
Depois que não suporta o calor do Sol?
Será como o ateu
Que só volta a acreditar em Deus
Depois que não encontra respostas para
Todas as dúvidas, mistérios e sofrimentos?
Será como os peixes
Que só sentem o sabor da Liberdade
Depois que já engoliram a isca do inimigo?
Será como o motorista imprudente
Que só passa a respeitar leis de trânsito
Depois que se torna deficiente físico?
Ou será como aquela pessoa
Que só consegue descobrir que amava
E era amada de verdade
Depois que perde o próprio AMOR?
Afinal, O AMOR NUNCA É.
Ele sempre será construído com a certeza de
QUEM AMA EM PAZ COM A CONSCIÊNCIA.
E com a DÚVIDA DE QUEM SE ARREPENDEU
Por deixar de amar...
Ou nunca ter amado...
ANTES TARDE DO QUE DEPOIS!
CASAR
“Naquele lugar existia
uma mulher, por nome Maria Mutema, pessoa igual às outras, sem nenhuma
diversidade. Uma noite o marido dela morreu (...). O arraial era pequeno, todos
vieram se certificar. Sinal nenhum não se viu, e ele tinha estado nos dias
antes em saúde apreciável, por isso se disse que só de ACESSO DO CORAÇÃO era
que podia ter QUERIDO MORRER. (...). O que em nota foi outra coisa: foi a
religião da Mutema, que daí pegou a ir à igreja todo santo dia (...)”.
Rosa, Guimarães. Grande
Sertão: Veredas, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 192-193.
Xiko
Mendes
CASAR não é apenas dividir o mesmo teto;
Mas
estar eternamente juntos
Quando
a casa cai
E
é necessário reconstruir
Cada
sonho que o vento levou
Em
cada canto do chão
Varrido
pela poeira do tempo.
CASAR
não é só viver eternamente
Em
lua de mel; mas ter lucidez,
Serenidade
e compromisso mútuo,
Inclusive
nos momentos de
Eclipse
lunar quando
O
matrimônio é ofuscado
Por
ilusão de ótica
Na
penumbra dos anos.
CASAR
não é apenas entregar-se
De
corpo e alma
Julgando-se
serem almas gêmeas
Um
para o outro;
É
assinar um pacto nupcial
Em
prol da família e da felicidade;
Mas
com a certeza de que ninguém
É
plenamente livre e feliz
Sem
que haja respeito mútuo e
Tolerância
recíproca
Num
permanente pacto de concessões
Quando
o silêncio é uma resposta sem traumas;
Quando
o diálogo é a linguagem de quem
Ama
e perdoa;
Quando
a opinião do outro é o código
Que
decifra o segredo do amor sem cobranças
E
da paixão duradoura sem ilusões ambíguas.
CASAR
é estar sempre vigilante
No
centro da encruzilhada.
Não
porque há dúvida sobre
Qual
o melhor caminho a seguir.
Mas
porque no Amor
É
necessário olhar o passado
Como
retrovisor dos próprios erros;
O
presente como janela de
Nossas
próprias contradições;
E
o futuro como possibilidade
De
corrigir erros despindo-nos
De
nossas máscaras
Quando
queremos viver
Um
para o outro
Irmanando-nos,
diariamente,
Na
alegria e na tristeza,
Na
juventude e na velhice.
CASAR
é dar um beijo na boca da noite
Dormindo
o sono dos humildes
Porque
casamento é como o amanhecer:
É
preciso que nos casemos todos os dias
Dando
um abraço forte em quem amamos;
Dando
um beijo fiel em quem confiamos;
Dando
amor para quem nos retribui.
Se
em todas as manhãs a gente não se casar de novo,
CASAR,
simplesmente, é inútil
Como
um sonho levado pelo vento ou
Como
o chão sujo de ilusões mortas.
O
segredo de um bom casamento
É
estar em todos os segundos de nossa vida
PROCURANDO
DENTRO DE NÓS MESMOS
A
RESPOSTA PARA UM MATRIMÔNIO FELIZ.
Por que não disse Adeus
“Diadorim
– (...) – o sorriso (...) me dobrava o ansiar. (...) gostava de Diadorim – de
amor mesmo AMOR, mal ENCOBERTO EM AMIZADE (...) ”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 38, 252.
Xiko Mendes
É porque deseja ter sido...?
O que?... Não sei! Não pude ser!
Ainda assim queria sonhar que
Fui o que jamais fui para VOCÊ.
E se isto nunca era possível ser,
O que poderia sonhar em ter sido?
Enquanto VOCÊ virava um pesadelo,
Um sonho real tinha me seduzido!
Sua consciência dói, pois entre nós
Todos os contatos chegaram ao fim!
Agora eu te peço que não se esqueça:
VOCÊ, como ilusão de ótica, foi ruim!
Lembre-se que um dia na sua vida
Conheceu alguém... que amou VOCÊ,
Que não foi, e queria sonhar sendo,
E acabou convencido a te esquecer.
Talvez pensou, e não disse adeus...
Com medo da alma tremer na balança!?
O que gostaria mesmo de ter sido...?
Esqueci, pois morreu... toda esperança!
Carta Confidencial
“AMOR:
pássaro que põe ovos de ferro”.
ROSA,
Guimarães; GRANDE SERTÃO: VEREDAS, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988, p. 48.
XIKO MENDES
XIKO MENDES
Mais do que amiga, tu és a confidente
Argonauta dos meus sonhos delirantes!
Realizando meus desejos concupiscentes,
Imortaliza-me na eternidade do instante
Amando-lhe, cega e apaixonadamente!!!
Introjetando-me esta paixão fulminante,
Romântica, libidinosa e incandescente,
Evoco as fantasias mais emocionantes
No momento em que eu imagino a gente
Entre beijos, olhares e carícias excitantes!
Livre para amar sem censurar a mente,
Incumbo-me do que é mais importante:
Namorar-lhe agora, amanhã e sempre,
Olhando e guardando do seu semblante
Dócil, sedutor, cúpido e muito atraente,
Essa lembrança viva, gostosa, constante!
Com esse amor cada vez mais apaixonante,
Anuncio para o Mundo, porém,
secretamente:
Registre-se na Ata de Eros
que, “neste instante,
Você, além de amiga, é minha
única confidente!
Aqui neste meu coração é a
inspiração delirante;
Levando-me ao delírio da
paixão concupiscente,
Haja emoção para dizer-lhe
quanto é interessante
Orgulhar-me de tê-la como
Musa dentro da mente!”
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