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12/01/2013

TURISMO NA REGIÃO DO PARQUE NACIONAL GRANDE SERTÃO VEREDAS


Veredas do Vale do Rio Carinhanha

 (Homenagem a Firmino José Barbosa, meu avô paterno,  e a Maria Rodrigues de Souza, minha avó materna).

Xiko Mendes

 

I – Vereda Muriçoca

 

Num lugar muito bonito, sem montanha,

No chapadão que se perde no horizonte,

Há na margem esquerda do Carinhanha

Uma vereda estupidamente deslumbrante.

 

Na vereda não há córrego, apenas buritizais.

E na vereda o silêncio aprazível da chapada

Seduz os olhares em meio aos palmeirais

Infinitos e imponentes na terra encharcada.

 

Ali jaz um cemitério como a relíquia morta

De um mundo perdido na solidão do matagal.

Antes ali a prosperidade da Fazenda Muriçoca

Reinou por décadas nesse lindo cartão postal.

 

Um homem de visão e com força de gigante;

Negro, sereno, honesto e muito bom de prosa,

Ali está imortalizado nesse jazigo tão distante:

O inesquecível patriarca Firmino José Barbosa.

 

Da belíssima e riquíssima Fazenda Muriçoca

Restou minha saudade eternizada em sonhos

De ali voltar e percorrer sempre a mesma rota

Como itinerário em fuga de um mundo estranho.

 

Da sede da fazenda restaram apenas imagens

De um tempo que simboliza o fim de uma era.

No lugar da casa e do curral há belas árvores

Como testemunhas do que sobrou: uma tapera.

 

Como tudo em nossa existência e na natureza,

A Fazenda Muriçoca e a sua ruína monumental

Dentro daquele Parque Grande Sertão Veredas

Significa a epopeia de um bandeirante imortal.

 

II – Vereda Gameleira

 

Não muito distante da Vereda Muriçoca,

Há outra paisagem também formosíssima:

Revisitá-la é como abrir janelas e portas

Para que o sol ilumine uma cena raríssima.

 

Na mesma margem desse rio sem montanhas

À direita do belíssimo ribeirão Canabrava

Se destaca um afluente que inspira façanhas

Para quem contempla belezas sem palavras.

 

É a Vereda Gameleira numa exposição adâmica

Expulsando a solidão para dar lugar ao sorriso

Numa planície chapadeira em visão panorâmica

Mostrando que ali é mesmo a réplica do Paraíso.

 

Também ali, bem à direita daquele veredão,

Escondido no meio do mato há outro mistério:

São sepulturas perdidas no meio do chapadão

Onde antes era localizado um grande cemitério.

 

Nesse jazigo de valentes sertanejos repousa

A lembrança de homens e mulheres do sertão

Como a Matriarca Maria Rodrigues de Souza,

Guerreira de priscas eras de nossa civilização.

 

Nada ali restou senão um cruzeiro de concreto

Colocado como prova de que ali um dia foi palco

Da conquista da terra em um arrojado projeto

De civilizar o mundo distante no meio do mato.

 

A você, que queira vivenciar um pouco disso,

Convido-lhe a viajar entre essas tantas veredas,

Com águas que vão para o rio São Francisco

Carregando com elas os segredos da natureza.

 

A você, que ainda não programou suas viagens

Ao nosso Parque Nacional Grande Sertão Veredas,

Deixo aqui um convite para conhecer as paisagens

Desse mundo que nos encanta por tantas belezas.
 
P.S.: Esse poema é parte do livro VEREDAS GERAIS E CHAPADÕES BAIANGONEIROS, que será publicado em 2013 com patrocínio do Ministério da Cultura-FUNARTE.

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