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15/01/2013

TRECHO DO LIVRO O MENINO DA CAPUAVA, DE XIKO MENDES



COM A PALAVRA, O MENINO DA CAPUAVA

                                               “Espírito de Minas, me visita,
                                               e sobre a confusão dessa cidade
                                               onde voz e buzina se confudem,
                                               lança teu claro raio ordenador”
               (Carlos Drummond de Andrade – no poema “Prece de Mineiro no Rio”).

Xiko Mendes

Ai que vontade eu tenho
De recuperar reminiscências perdidas
Na minha bucólica infância vivida
No meio dos verdes campos GERAIS!
Que desejo, que tristeza, que dores
De nunca poder reencontrar
AS PAISAGENS DAQUELE LUGAR
Intactas com árvores e animais!

Como é belo recordar
Daquilo que é a nossa essência:
Lembrar do início da nossa existência
Como um tempo que anda sem pressa.
Tudo parece mais belo:
A Cidade – multidão em silêncio!
A Vida – feliz como eu penso!
A Imaginação – música que não estressa!

Ai que saudade da minha infância!
Quanto era feliz e não sabia!
Ai que doce e eterna lembrança
Daquele Tempo-Maravilha!
Ao invés do stress de agora,
Preferiria a rotina de outrora
Na alvorada daquele bairro pobre,
Vítima da política ignóbil
Que despreza a Gente da Periferia!

Lá vivia perdido no anonimato
Longe da burocracia do Estado.
Ninguém se preocupava com meus atos
E se os impostos estavam ou não pagos.
Hoje vivo na CIDADE GRANDE
Com saudade daquele BAIRRO DISTANTE
ONDE PASSEI TODA A MINHA INFÂNCIA;
Mas dele trago a lembrança
Como um PARAÍSO no meio do Cerrado!

Ai que vontade eu tenho
De ainda viver nesse lugar FORMOSO!
De estar junto daquele POVO
Interiorano, que é bom demais!
Que desejo, que tristeza, que dores
Se antes de morrer não morar
Numa RUA daquele LUGAR
Onde VIVI UMA INFÂNCIA DE PAZ!

(Esta poesia é uma PARÓDIA de alguns trechos do famoso poema “MEUS OITO ANOS”, de CASSIMIRO DE ABREU, 1839-1860 – poeta romântico do século XIX).


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