Retrato da
Fazenda Canabrava
(Poema
dedicado ao meu pai, João Mendes de
Queiróz, fundador da Fazenda Canabrava).
Xiko Mendes
Numa foto antiga, tirada de monóculo,
E pregada na parede de minha saudade,
Há a imagem que sempre lembro e exorto
Como um lugar de sonhos e felicidade.
Colocada num quadrinho emoldurado,
Ela exalta o espetáculo de uma lenda:
A grandeza de seu dono, que no passado,
Ergueu ali uma linda e riquíssima fazenda.
Situada na beira de um caudaloso ribeirão,
Tudo nela retrata um personagem de epopeia,
E sua luta buscando as trilhas da civilização,
Deixando ali as marcas de sua grande odisseia.
Como relíquia, dali sobrou apenas a miragem
De uma vida cheia de bravura quando se lutava
Para a construção do progresso naquela paragem
Solitária e vislumbrante do ribeirão Canabrava.
No lugar daquela saudosa e antiga fazenda,
Hoje ergueu-se naquela vastidão campineira,
Uma outra realidade que também virou lenda:
O Parque
Nacional Grande Sertão Veredas!
E o velho retrato vivo em minha imaginação
Se levanta altaneiro na parede da memória,
E se insurge no silêncio daquela amplidão,
Para o orgulho do meu pai e de sua história.
Ao meu pai, que fundou a Fazenda Canabrava,
Resta a saudade em contemplar tanta beleza,
Relembrando um tempo em que ele desbravava
O sertão do Carinhanha, espetáculo da natureza.
FONTE: MENDES, Xiko. VEREDAS GERAIS E CHAPADÕES BAIANGONEIROS,
livro inédito.
lindo!
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