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27/01/2012

FORMOSO-MG (ÁGUAS, RELEVO, CLIMA...).

As Águas do Município

Um rio transporta progresso e constrói civilizações. As primeiras cidades no Mundo surgiram na beira de rios. No Brasil-colônia os rios foram estradas, pontos de contato entre o litoral e o sertão. Formoso, por exemplo, nasceu na beira de um córrego. Preservar a água é evocar a História para cuidar do futuro. A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) criada pela Lei Federal nº: 9.433 de 8/1/1997 estabelece como fundamento que a água é um bem de valor econômico, de domínio público e uso múltiplo, além de considerar prioritário, em caso de escassez, apenas o consumo humano e animal. Em Formoso a água é usada, por exemplo, na irrigação e para abastecimento urbano. A água pode se apresentar como potável, destilada, mineral, termal, poluída ou contaminada dependendo do cuidado que nós, seres humanos, temos com ela.
O gerenciamento dos recursos hídricos deve ter a Bacia Hidrográfica como unidade territorial de planejamento e ocorrer de forma descentralizada, isto é, com a participação do Poder Público, dos usuários e da sociedade civil. Garantir a disponibilidade de água com qualidade para as futuras gerações, utilizá-la de forma racional e integrada às políticas de desenvolvimento sustentável bem como usar meios preventivos contra seu uso inadequado são objetivos a serem alcançados pela PNRH. O princípio da dupla dominialidade determina que de acordo com a localização do curso d’água, elas podem pertencer aos domínios federal ou estadual. O Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) é o instrumento dessa participação do Povo no cuidado com o uso da nossa água.

MICROBACIA DO LAGO FORMOSO

Formada pelo córrego Formoso – que dá nome à Cidade – a microbacia constitui-se do Lago homônimo represado em 1998 na 10ª Administração do Município. O córrego Formoso tem como afluentes principais a grota Barreiro, o riacho Monte Alegre e a Vereda Estiva, além de outras pequenas nascentes que deságuam no seu leito. O córrego Formoso desemboca no ribeirão Rasgado – afluente do rio Piratinga.
A Microbacia do Lago Formoso, além de seu indiscutível potencial eco-turístico, apresenta-se como de vital importância para a sustentabilidade da Cidade de Formoso, sobretudo como fonte de abastecimento de água potável nas próximas décadas quando a população urbana crescer e aumentar, mais ainda, as demandas por serviços de saneamento ambiental – rede de esgoto e de água, por exemplo.

SUBBACIA DO ALTO MÉDIO PIRATINGA

Principal região hidrogeoeconômica de Formoso, compreende o norte e centro-oeste do município e aí encontra-se localizada a Cidade. É o que tem em seu curso a maior extensão dentro de Formoso. Afluentes mais significativos: Lamarão, Rasgado, Quebra-quinaus, Tabocas, São Pedro, Ingazeiro, Extrema, Bonito, Logradouro, Olhos d’Água, Costa Ledo, Arroz, Capão do Meio, São Cristóvão, Barra Grande, São Antônio, Buritizinho, Jacu, Santa Bárbara, Campo de Fora, Lingüiça, Lajes e Taquaril.
O rio Piratinga era primitivamente conhecido como Paratinga. É estreito, de leito pedregoso, nasce nas contravertentes da Serra Geral, divisa MG/GO, percorre o município no sentido NO/SO e deságua no Urucuia, já dentro de Arinos-MG. Ao longo de dois séculos tem desempenhado uma importante função histórica na colonização e desenvolvimento de Formoso. Com vastas áreas de chapadas, aí se expandiu a Pecuária Extensiva, principal base econômica do Município até 1970. Daí em diante, a região tornou-se a maior produtora de grãos de Formoso, primeiro na Fazenda Caatinguinha como os colonos paturebas, depois com os colonos gaúchos e agora com a Coopertinga – Cooperativa Agropecuária da Região do Piratinga Ltda. Mais de 90% da arrecadação de impostos do Município provém do Vale do Piratinga.

SUBBACIA DO ALTO CARINHANHA

Nasce no meio-norte de Formoso e banha toda a sua região centro-oriental. Segue seu curso oeste-leste como divisor natural entre MG/BA, e deságua no São Francisco. Dentro do Município tem como afluentes mais importantes o rio Preto e o ribeirão Mato Grande. Fora de seu território destacam-se o córrego dos Bois, ribeirão do Gibão, e os rios Cochá e Itaguari. Com imensas veredas, chapadões arenosos e buritizais, sua vocação produtiva foi logo direcionada à criação de gado até o momento em que na área por ele banhada instalou-se o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
O rio Carinhanha concentra em seu bioma uma das mais ricas biodiversidades em áreas de GERAIS. Além de sua potencialidade ecossistêmica, o rio também deu sua contribuição à história rodoviária do Brasil-Colônia, pois seu curso era parte da Estrada Real Picada da Bahia.

SUBBACIA DO ALTO SÃO DOMINGOS

É a menor de Formoso, e abrange o sul-sudoeste do Município. Área de relevo montanhoso sob acentuada influência da já citada Serra Geral de Goiás, o rio S. Domingos nasce no extremo noroeste de Buritis-MG. Dentro de Formoso, seu maior afluente é o ribeirão Ponte Grande, além de córregos como Ponte Pequena, Santa Inês, Riacho do Campo e Pedra de Amolar. Fora de seu domínio territorial, na margem direita, destaca-se principalmente o ribeirão Fetal, que já pertenceu à Formoso quando este era distrito de Paracatu.
O curso do São Domingos, que corre no sentido oeste-leste até desembocar no Urucuia, é acompanhado pela Serra de mesmo nome e serve de divisa meridional entre Formoso e Buritis. Ao longo de seu talvegue, é notória a sucessão freqüente de depressões muito profundas (vãos) onde desenvolve-se a agropecuária, e solos alternadamente ondulados com vegetação nativa de chapadas. Historicamente, o Rio serviu de trevo para a passagem de gado boiadeiro entre os centros criadores do Urucuia e os do Paranã, em Goiás, até a Inauguração de Brasília. Em sua margem esquerda próximo à ponte da Rodovia MG-400 localiza-se também a Forca da Tocaia do Salobro, monumento que evoca tristes lembranças da época do Carrancismo.

AQÜÍFERO URUCUIA

É um grande reservatório de águas subterrâneas que ainda dispõe de pouquíssimos estudos hidrogeológicos e por isto é pouco conhecido inclusive entre os próprios municípios que ele abrange. Esse aqüífero ocupa uma extensão de 500 Km. Sua área de abrangência começa no Alto Urucuia onde estão os rios formadores desta bacia como o Piratinga e o São Domingos sendo, portanto, da responsabilidade do Município de Formoso cuidar bem do Meio Ambiente, evitando a poluição do solo e do subsolo.
Estão dentro do Aqüífero Urucuia quase toda a Bacia do Urucuia (MG), toda a Bacia do Carinhanha, as nascentes do rio Corrente (goiano, integrante da Bacia do Paranã), o Sudeste de Tocantins, alguns municípios do extremo sul do Maranhão e Piauí, e principalmente todo o território do Oeste da Bahia onde se encontra 75% da área de abrangência totalizando 120 mil Km2. O aqüífero tem em média 400 metros de profundidade chegando a 1.500 M na área sul de abrangência, ou seja, no Alto Urucuia onde estão os rios de Formoso. Os poços perfurados chegam a ter uma vazão de 400m3/h, variando de 10 a 12m3/h/m. Os ciclos de produção agrícola insustentáveis, se forem mantidos com o uso de fertilizantes e agrotóxicos, comprometerão a existência desse aqüífero, pois ao contrário das águas superficiais (as do leito do rio) que se decantam em menos tempo, as águas subterrâneas, por seu deslocamento lento, são muito mais suscetíveis à poluição ambiental.

Solo, Relevo e Clima

O solo do território de Formoso-MG pertence ao bioma Cerrado e é parte integrante da Bacia Sedimentar do São Francisco na região do Planalto Central. Sua estrutura rochosa é de origem cenozóica. Sua formação geológica pertence ao Grupo Urucuia.
No Município predomina o latossolo vermelho-amarelo com textura média. Os solos podem ser: arenoso (quando tem cerca de 70% de areia), argiloso (30% de argila na sua composição) ou humífero (quando apresenta 10% de húmus). Neles a água tem a função de dissolver os sais minerais enquanto o ar fornece oxigênio aos seres que os habitam. Aração, irrigação, drenagem e adubação são procedimentos muito usados no solo pelo homem dependendo do tipo de finalidade econômica. Mas a ação humana é a principal responsável pela erosão dele, além dos fatores naturais como a água e o vento. Uma das conseqüências do mau uso do solo é a desertificação ou as voçorocas. Há várias técnicas anti-erosivas: curvas de nível, terraços ou práticas econômicas adequadas como as culturas intercalares, o plantio direto e a rotação de culturas. A erosão remove os solos superficiais e férteis deixando-os pobres e rasos.
O relevo de Formoso é 50% plano, 20% ondulado e 30% montanhoso. É formado pelas serras do São Domingos, de Santa Maria (denominação local para a Serra Geral – divisa MG/GO), do Piratinga, do Meio, do Costa, da Bocaina e pelo Morro do Barreiro. Os terrenos são mais elevados no centro-sul do município. Formoso possui em média 840 metros de altitude. Na chapada Vereda Comprida fica a altitude máxima – 1.018 metros – e na foz do córrego do Costa a altitude mínima – 669 metros.
Formoso apresenta clima tropical de altitude com temperatura média anual de 26,4ºC. A temperatura média máxima anual é de 33,2ºC, e a média mínima anual é de 17,8ºC. O índice pluviométrico médio, isto é, o volume de chuvas tem variado, anualmente, entre 1200 e 1320 mm. Em 1976 foi instalada a Estação Meteorológica de Formoso, responsável por informações locais sobre clima e tempo como esta: entre 1982 e 2002, o ano mais quente no Município foi 1999, com temperatura de 38ºC. Como o clima é determinado por variações de temperaturas influenciadas pelo tipo de relevo, quantidade de chuvas, vegetação, ventos, etc, as queimadas e desmatamentos são alguns dos fatores que resultam da ação humana e interfere nessas variações, inclusive no volume de chuvas em nosso município.

Fauna e Flora

A fauna é formada pelo conjunto de espécies animais enquanto a flora é constituída pelo conjunto de plantas existentes em um determinado lugar. A vegetação pode ser nativa, artificial ou exótica.
Segundo a Fundação Pró-Natureza (Funatura), ONG responsável pelo programa de gestão ambiental do Parque Nacional Grande Sertão Veredas mediante autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), só na Bacia do alto CARINHANHA que fica no extremo leste do município de Formoso, estão concentradas 56 espécies de mamíferos, 244 de aves, 62 de peixes, 22 de anfíbios e 31 de répteis. Entre os espécimes novos ou raros e ainda não descritos por cientistas, acham-se o peixe do gênero Laemolyta e um sapo do gênero Bufo. Esta é apenas uma pequena amostragem da riqueza natural presente na fauna do nosso Município.
A flora de Formoso, que já foi muito mais variada do que hoje por causa dos desmatamentos para o Agronegócio, ainda é composta de paisagens exuberantes encontradas ao longo de seu território. Essas paisagens são encontradas em matas ciliares ou de galeria, nas chapadas, brejos, boqueirões, capoeiras e capões, nos campos limpos, etc.
Como podemos ver, a Diversidade Biológica de Formoso é um tesouro a ser preservado por todos nós. Pesquisar sobre os tipos de animais e de vegetação existentes no Município é uma das tarefas das quais a escola deve incumbir seus alunos, professores e toda a Comunidade Escolar para que, tomando conhecimento do que ainda temos, possamos juntos construir uma consciência ambiental que acorde o Povo e os governantes de Formoso para a conservação dessa biodiversidade.

Este texto foi extraído do livro ECO-HISTÓRIA LOCAL: FORMOSO EM SALA DE AULA, do escritor XIKO MENDES, Unifam, 2007.

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