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01/01/2012

Sonhos, Silêncio e Saudade em Minha Viagem ao Fundo do LAGO FORMOSO.

Meu Testamento Literário


                                                                      Xiko Mendes

Não escrevo para as pessoas da Minha Época.
Sei que metade delas acha isso perca de tempo.
Acham que publicar livro é gastar dinheiro à toa.
Escrevo para uma minoritária Posteridade
Ávida de sonhos e utopias, e desejosa em buscar
O que os Antepassados deixaram como Relíquias.
Faço aqui um exercício de arqueologia imaginária
Catando Idéias e Sonhos nos buracos da insignificância
Desse meu Tempo volátil, consumido pelo Imediatismo.
Escrevo com o sêmen da Esperança
E o néctar carregado, silenciosamente,
Por beija-flores solitários, mas felizes e livres.
Não quero que você se iluda com nada
Do que digo. Talvez minha Escrita seja mesmo inútil.
Inútil para combater a futilidade do Nosso Tempo;
Inútil para barrar essa avalanche de ignorância e alienação
Em um mundo globalizado que transforma
Cada ser vivente numa ilha conectada com a Solidão.
Escrevo para viver e vivenciar o vivido.
Sei que viverei pouco tempo nesse planeta, mas o bastante
Para curtir as belezas infindas desse Mundo.
Partilhar Vivências é irmanar-se com Clio, a Musa da História,
Para semear os segredos da Alma em solo fértil que
Fecunde Sonhos Libertários e os transforme em
Utopias que inspirem uma Consciência Nova de Humanidade.
Para mim, viver é conspirar-se vinte e quatro horas por dia
Como soldado combatendo, ainda que solitário,
A favor da Liberdade, pois enquanto dizem
“Uma andorinha só não faz verão’...,
Uma águia voa, livre e dominadora no Espaço,
Sob um imenso deserto de homens despidos de sonhos e coragem.
Talvez escrevo como válvula de escape
Para fugir dessa nostalgia onírica e libertar a Memória aprisionada
Por Reminiscências perdidas no vácuo do Nosso Tempo.
Que você me perdoe, mas esse é um tempo em que,
Se tudo é definitivamente descartável ou volátil,
Que se salve pelo menos a POESIA!
Viva a Revolução Virtual contra o Efêmero!
E que o Mundo da Palavra ressignifique a Vida,
Não mais como registro cotidiano da mera Existência Interativa,
Mas como Testemunho Épico ou Testamento Idílico
Do meu Ser em Essência: Nasci livre; quero morrer livre;
Livre como a eternidade do vôo de um pássaro que
Contempla a paisagem distante e curte cada momento
Antes do pouso em qualquer ponto do espaço infinito; e livre!
Minha Escrita é o meu Testamento.
Meus livros são meu único Testemunho Póstumo.
Quando morrer e se porventura alguém aqui
Tiver Saudade de mim, não chore: leia o que escrevi!
É essa – junto com minha Família,
A herança saudosa de tudo que fui.
Parafraseando Rousseau, no início de suas Confissões:
Quando soar a trombeta do Juízo Final,
É com meus livros que me apresentarei para a leitura
Do Testamento de Minha Existência.

Este poema faz parte do livro SONHOS, SILÊNCIO E SAUDADE EM MINHA VIAGEM AO FUNDO DO LAGO FORMOSO, que será publicado em 2012.

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