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27/01/2012

FORMOSO-MG (TURISMO, CULTURA E LAZER)

Cultura, Lazer e Turismo em FORMOSO-MG.

                                XIKO MENDES

        O Regionalismo que construiu as bases culturais de Formoso fundiu a Goianidade dos moradores do Vão do Paranã com a Mineiridade dos urucuianos que se desenvolveram em meio aos contatos entre nordestinos (baiano-pernambucanos) e barranqueiros do Norte de Minas durante as idas e vindas transitando pela Estrada Real Picada da Bahia entre o litoral atlântico e as minas de ouro no Brasil Central.
        Em Formoso temos o que se pode chamar de Cultura Bagomineira – uma síntese da identidade cultural da Bahia, de Goiás e de Minas Gerais que, mais recentemente, vem recebendo impactantes influências dos meios de comunicação desde a chegada da TV em 1985, e dos imigrantes, sobretudo os sulistas na mesma época. A Identidade Local em Formoso é fruto dessa fusão de regionalismos.
        Cultura é tudo o que produzimos, inventamos, descobrimos ou transformamos na relação entre o Homem e a Natureza. A cultura de um povo se manifesta usando diferentes meios: festas tradicionais, folclore, arte e literatura, tecnologia, artesanato, músicas e danças típicas, arquitetura, etc. E esta interação de valores vai definindo esse novo caráter do Homo Sapiens Piratinguense – o homem sábio nativo do Vale do Piratinga, urucuiano de alma roseana, portador de saberes tradicionais que, se não preservados, desaparecerão por completo com a Globalização.

Calendário Cultural
             
              O nosso Município tem ao longo do ano uma grande variedade de eventos. Entre os principais, destacamos:
·        ANIVERSÁRIO DA CIDADE: ocorre em 1º de março ou no final de
semana mais próximo. Visa homenagear o Dia da Instalação do Município de Formoso em 1963. Consiste de apresentações cívico-culturais com participação de escolas e gente da comunidade. Desde 1983 a data é feriado municipal e desde 1989 é comemorada. Já houve anos sem comemoração por falta de apoio do Governo Municipal, mas cabe à sua escola e a todos nós exigir dos nossos governantes o respeito a esse direito do cidadão formosense porque trata-se de evento com grande carga simbólica: a defesa da autonomia política de Formoso.
·        FESTA DE SANTO ANTÔNIO: ocorre no feriado próximo a 13 de
junho – Dia do Santo. É o maior evento festivo dentro do Distrito de Goiaminas e vem atraindo muitos turistas. A Festa é feita desde o início do Povoado, mas sobretudo a partir dos anos 1950. É uma homenagem ao Santo Padroeiro da Vila.
·        CAVALGADA ECOLÓGICA: ocorre anualmente desde 1998,
sempre em meados do primeiro semestre preferencialmente coincidindo com o Feriado de Corpus Christi e atrai gente de vários lugares do País, inclusive formosenses que há anos moram fora do município. Sua finalidade é valorizar os percursos entre Formoso e cidades vizinhas durante o saudoso Ciclo das Tropas e Boiadas antes da chegada do automóvel em Formoso.
·        FESTA DE JULHO: principal acontecimento cultural de Formoso,
ela era feita em agosto até os anos 1970 quando passou a acontecer na segunda quinzena de julho. É o mais antigo evento existente em Formoso, pois é feita desde o século XIX quando o terreno da Cidade foi doado à Nossa Senhora d’Abadia. Homenagem à Santa Padroeira do Município, a festa conta com variadas apresentações culturais, religiosas e profanas, além de permitir ao turista conhecer os diferentes pontos turísticos dentro da Cidade e no Município.
·        OUTROS EVENTOS: também são festejados no Município o
Reveillon, o Carnaval, o Sete de Setembro – Dia da Independência do Brasil (algumas vezes) e festejos folclóricos. As escolas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a comunidade escolar poderão também montar um calendário cultural. (Veja no Apêndice deste livro uma sugestão de calendário sob a denominação de “Efemérides Eco-históricas”).

Folclore

                   Criada por Williams John Thoms, que a utilizou em 22/8 de 1846 – Dia do Folclore – esta palavra de origem inglesa é sinônimo de sabedoria popular, pois se refere ao conjunto de manifestações culturais criadas pelo povo, individual ou coletivamente, e que se tornam representativas de sua identidade. Lendas, contos, fábulas, mitos, provérbios, adivinhações, literatura de cordel, parlendas, danças, folguedos, usos e costumes, festividades religiosas, cantigas de roda... são formas por meio das quais o Folclore se manifesta.
         O Folclore formosense já foi muito mais rico que hoje. Conheça aqui algumas das manifestações de cultura popular em nosso Município:
·        EVENTOS: Festa do Divino Espírito Santo, Festa de Santos Reis e Festas Juninas. Todas elas já tiveram grande impacto no Município com muita concentração de pessoas, principalmente a primeira, razão mais que justa para que o Governo Municipal e a própria comunidade não deixem que elas desapareçam.
·        DANÇA E MÚSICA: a dança típica mais conhecida é a do Tatu-sobe-Pau, invenção dos geralistas moradores do extremo norte de Formoso, divisa com Cocos-BA. Forró, Catira, Lundu e Curraleira são gêneros musicais ainda praticados, mas também já em fase de desaparecimento.
·        LENDAS: várias delas são contadas no livro “Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos!”, do escritor Xiko Mendes. A “Gameleira da Caraíba”, a “Mula sem Cabeça e o Lobisomem”, a “Gata Borralheira e o Príncipe Encantado”, “Caboclo d’Água”, “Romãozinho”, a “Onça Borgi”, o “Bode Preto”, “Coã, Pomba e Mãe da Lua”, o “Sumiço de Corpo Presente” e a “Criança que virou Serpente” são exemplos de lendas formosenses relatadas nesse livro. Esse autor também registra outras manifestações já extintas, mas engraçadas como o Entrudo, alguns Ditados Populares típicos do Povo de Formoso e a malhação de Judas no Jegue de Maroto.
·        PERSONAGENS FOLCLÓRICOS: o mais famoso deles, entre tantos outros, foi Pedro Boca, morador do Gerais (alto Carinhanha), que virou tema de reportagem da revista Isto É e foi entrevistado até por Pedro Bial – jornalista da TV Globo – para o filme “Nas Trilhas do Rosa” em alusão ao romance de Guimarães Rosa.

Artesanato

            
                   O Artesanato Formosense assim como seu Folclore é alvo da massificação dos meios de comunicação. A Cultura de Massas, cosmopolita e alienante, substitui a Cultura Popular e mercantiliza tudo. Morre a alma do povo e nasce um mundo de valores sem identidade local. A arte plumária, indumentária, de cestaria, o bordado e a tecelagem eram expressões fortes desse artesanato. Formoso já teve grandes artesãos anônimos, mas geniais como Job Borges Carneiro (1904-1955), na região de Bela Lorena.

Artes e Literatura

             Por meio da arte expressamos a representação do belo, despertamos sensibilidades e apuramos nosso senso estético diante do mundo e das coisas. A arte ainda não é prioridade nas políticas culturais do Município, mas deveria ser, pois trata-se de manifestação pouco presente na vida local. Nas artes plásticas destaca-se o escultor Nel Santana a partir dos anos 1990. Seu trabalho em arte sacra foi financiado pelo Governo Municipal. Nas artes visuais predominou a fotografia (para fins comerciais sem caráter artístico) a partir dos anos 1950. As artes cênicas são inexpressivas no Município salvo algumas peças teatrais apresentadas muito raramente.
             Nossa literatura tem sido produzida por uma Intelectualidade composta por pessoas de Formoso ou que já moraram em Formoso ou que, mesmo sem ligações pessoais com o Município, já escreveram sobre ele. É uma literatura surgida no século XX e que não tem dado enfoque à ficção (conto, romance, crônica...). Nela predominam obras de maior destaque na área de pesquisa histórica, biografias, estudos folclóricos ou genealógicos. Os principais representantes são:
·     ENSAIO: Olímpio Gonzaga, Paulo Bertran, Oliveira Mello e
Francisco da Paz M. de Souza – Xiko Mendes (História), Ana Pereira de Sousa – Dona Ana, Ismael Carneiro Magalhães – Miguel Carneiro e Joaquim B. Carneiro – Quinca Borges (Memórias), João Rocha (Genealogia), Andrea Borghi e Suelma Ribeiro (Pesquisas Antropológicas e Fitoterapêuticas), Zeneide Carneiro (tese sobre Educação em Formoso), entre outros.
·     POESIA: Hermes Neres Pereira, Lourdes Silva Maciel, Xiko Mendes
e Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos.

Lazer e Turismo


O lazer, enquanto entretenimento dotado de infra-estrutura administrativa para promover a diversão como direito coletivo do Povo Formosense, só surgiu em 1975 por iniciativa de Osvaldino José Ornelas e José Joaquim de Oliveira (Zequinha). O Bambu de Osvaldino, a Sagarana do Zequinha, o Ranchão do Nelson e o Ranchão da Dica, Bambucana do Neguinho de Lizim, Ranchão do Miro, Ranchão do Neury, Quiosque do Lago Formoso e Ranchão do Orlando... são exemplos de espaços de diversão alguns dos quais já extintos, outros ainda em funcionamento.
Entre as modalidades desportivas predomina o gosto por futebol e hipismo. As corridas de cavalo organizadas na Festa de Julho desde os anos 1980 e as partidas de futebol (a maioria na forma de peladas com amadorismo total) estão entre as opções preferenciais. Não há times profissionais no Município, embora em outros tempos já atuou ativamente o time Formoso Futebol Clube – FFC.
Formoso tem potencialidades extraordinárias na área de Turismo, mas não há uma política de desenvolvimento exclusiva para dinamizar esse setor. Apesar desse potencial, falta infra-estrutura para receber bem os turistas e isto não é só responsabilidade dos governantes. É de todos nós! As pessoas que têm dinheiro no Município também precisam investir em Turismo, que é uma indústria não poluente. Confira agora conosco o seu próximo roteiro turístico:
·        Dentro da Cidade: Lago Formoso, templo do Vale do Amanhecer,
alguns casarões na parte antiga da Cidade, Igreja-Matriz católica e da Assembléia de Deus, entrada da Fazenda Caraíbas com suas belíssimas palmeiras imperiais, o Morro do Barreiro com sua visão panorâmica da cidade e dos Gerais, entre outras atrações.
·        Dentro do Município: casarões antigos de fazendas como a Cachoeira
e a Bela Lorena, o balneário Córrego das Lajes, a sede da Coopertinga, a Serra do São Domingos, a Cachoeira do Piratinga, a Gruta do Feio na Fazenda Caldeira, a Forca da Tocaia do Salobro na Vila Goiaminas, o Marco Trijunção e a maior atração formosense – o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

Espaços Culturais e Atendimento aos Visitantes


·        Para promoção de eventos: Salão Paroquial Nossa Senhora d’Abadia,
Centro Comunitário e Desportivo de Formoso (prédio da antiga Casemg), Auditório da Câmara Municipal e Clube Summer.
·        Para recreação: Clube Summer e Lago Formoso.
·        Para lazer intelectual: somente a Biblioteca Pública Municipal
Apolinário Rodrigues dos Santos porque a CASA DE CULTURA do Município ainda é um sonho que está se construindo.
·        Hospedagens: Formoso ainda não entrou na “era das pousadas”, mas a
cidade dispõe de hotel e alguns dormitórios.

Defendendo o nosso Patrimônio Eco-Histórico


São PATRIMÔNIO DA MEMÓRIA CULTURAL DO MUNICÍPIO DE FORMOSO-MG os Bens de natureza Material e Imaterial tomados individualmente ou em conjunto, e relacionados com a Identidade, a Ação, o Meio Ambiente e a Memória dos diferentes Grupos Formadores do POVO FORMOSENSE. A Lei Orgânica de Formoso (texto de 1992) especifica que bens eco-histórico-culturais são esses: as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações (lugares de memória), e demais espaços destinados às manifestações culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico, científico, turístico e arquitetônico; as conformações geomorfológicas, vestígios e estruturas de arqueologia histórica, toponímia, edifícios e conjuntos arquitetônicos, áreas verdes e ajardinamentos, monumentos naturais e obras escultóricas, outros equipamentos e mobiliários urbanos detentores de Referência Eco-Histórico-Cultural.
Para defender todo esse patrimônio, foi aprovada a Lei Municipal nº: 246/2005 pelo Prefeito Luiz Carlos Silva. Ela criou normas de preservação e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Formoso (Compac), órgão com membros do Governo local e da Sociedade Civil (povo) que tem como responsabilidade a defesa dessa riqueza patrimonial. Foi também criado pelo mesmo Prefeito, por meio da Lei Municipal nº: 260/2005, o Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Formoso (Codema). Portanto, cabe a nós enquanto cidadãos desse Município cobrar a responsabilidade, que é de todos, exigindo que a Cultura Local e o Meio Ambiente como tesouros do século XXI sejam um direito coletivo inalienável das atuais e das próximas gerações de formosenses.

Este texto foi extraído do livro ECO-HISTÓRIA LOCAL: FORMOSO EM SALA DE AULA, de XIKO MENDES, Unifam, 2007.

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